São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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INGLATERRA

Com astro, equipe usa jogo aéreo que a consagrou

Beckham volta e faz "chover"

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

A principal arma da seleção da Inglaterra está de volta.
Beckham, o meia inglês que se tornou especialista na principal jogada do futebol de seu país, está recuperado de uma fratura no pé esquerdo e vai participar da estréia de sua sua equipe na Copa-2002, no domingo, contra a Suécia, em Saitama, no Japão.
Seu retorno gerou grandes festejos na seleção inglesa e em todo o seu país, especialmente pela sua capacidade de lançar a bola à área com perfeição e de bater faltas.
O ""chuveirinho", velha característica do futebol inglês, chega assim à primeira Copa do século 21 em sua melhor versão.
""Temos muitas opções, é claro, porém nós não temos um outro Beckham", afirmou o técnico do English Team, o sueco Sven-Goran Eriksson, que confirmou a escalação do badalado ídolo do Manchester United.
Beckham, 27, está treinando normalmente desde anteontem.
Ontem, o meia participou normalmente de todas as atividades da seleção inglesa. Com sua entrada em campo, a ordem do time passou a ser assumidamente as jogadas de bola parada.
""Agora, nós podemos treinar sem problemas. Até sábado [dia do último treino da Inglaterra antes da estréia", conversaremos bastante sobre faltas e escanteios. Isso ajuda bastante uma equipe", disse Eriksson, que terá de enfrentar a seleção de seu país.
Beckham atua pelo setor direito no meio-de-campo. Seus cruzamentos são a principal opção ofensiva do Manchester United. Na seleção inglesa, joga da mesma maneira e tem salvo o time na bola parada -fez o gol da classificação à Copa da Coréia e do Japão em cobrança de falta contra a Grécia e, em 1998, marcou dessa forma no Mundial da França, contra a equipe da Colômbia.
Entre 1996 e 1999, a seleção da Inglaterra foi dirigida por Glenn Hoddle, técnico que priorizou o toque de bola. Com jogadores como Ince, Anderton e McManaman no meio, o time reduziu os cruzamentos. Com o habilidoso Le Saux na ala esquerda, a equipe também avançava pela linha de fundo com qualidade. Isso sem falar no talentoso Owen, que entrou na frente, mas hoje não tem os companheiros citados acima.
Com Kevin Keegan, um ex-craque da seleção, e agora com Eriksson no comando técnico, Beckham passou a ser o maior articulador das jogadas ofensivas.
Apesar do temperamento explosivo -foi expulso contra a Argentina em 1998-, o meia virou líder e xodó do time.
Eriksson orientou os outros atletas da seleção a não tocar no pé esquerdo de Beckham nos treinos. Disse que espera que no domingo os suecos não tentem atingir o local da contusão do craque.

Rei
Beckham tem sido tratado como um rei na Inglaterra desde que sofreu dura entrada do argentino Dusher em jogo da Copa dos Campeões há sete semanas.
Com sua presença no Mundial-2002 ameaçada, os ingleses fizeram uma programação especial para o atleta se recuperar. Enquanto o time inglês ficou no calor dos Emirados Árabes Unidos treinando duro, Beckham recebia tratamento mais do que vip.
Antes de ir para a disputa da Copa na Ásia, o jogador fez uma festa com sua mulher, Victoria Adams, ex-integrante das Spice Girls, para mais de 400 pessoas -para dar um tom oriental à festa, o casal importou 60 mil flores.
Em Birmingham, ele está sendo homenageado com o maior outdoor do planeta (seu rosto ficará em uma tela que tem 25 m de altura) em campanha da Adidas.
Beckham, cujo novo salário seria de aproximadamente US$ 600 mil, é uma peça tão importante no esquema de marketing da seleção inglesa quanto nos cruzamentos à área e nas faltas.



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