|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
F-1
Mecânicos têm incumbência especial de esconder o propulsor da Stewart; equipe é a que mais evoluiu desde 98
Minimotor é o segredo de Barrichello
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Barcelona
Nos últimos três meses, os mecânicos da Stewart vêm tendo uma
incumbência especial, além de
prepararem os carros do brasileiro
Rubens Barrichello e do inglês
Johnny Herbert: esconder dos fotógrafos e das câmeras de TV o
"minimotor" que a Ford desenvolveu para o time em 99.
Sempre que alguém chega para
observar os boxes, eles são rápidos. Formam uma barreira em
frente às lentes e cobrem a traseira
do carro com um pano preto.
O motivo do sigilo é simples.
Além da norte-americana Ford,
apenas a alemã Mercedes-Benz
hoje dispõe de propulsores compactos, a maior inovação da F-1
nesta temporada. E a curiosidade
aumenta a cada prova.
Não por acaso, a McLaren, que
usa os Mercedes, tem os melhores
carros da categoria em 99. E a Stewart, time que mais evoluiu desde
o ano passado, é considerada a
grande surpresa da temporada.
Hoje, em Barcelona, na quinta
etapa do Mundial, o GP da Espanha, os minimotores terão sua primeira prova de fogo do ano. A prova começa às 9h, com TV.
A pista catalã, com 4,728 km, é a
primeira do ano de característica
rápida. Ou seja, pela primeira vez,
os motores serão exigidos ao limite, principalmente na reta dos boxes, a maior da F-1, com 1 km.
"Começamos a pensar no motor
deste ano em março do ano passado, logo que começou o Mundial",
disse à Folha o suíço Mario Illen,
diretor da Ilmor, empresa que projeta e constrói os motores Mercedes da McLaren.
Segundo ele, o FO 110 H é uma
evolução dos propulsores dos anos
anteriores. "Ano após ano, os motores estão mais leves. E não sei onde isso vai parar", disse. "Temos
que continuar evoluindo. Talvez,
os passos sejam menores, mas temos que seguir nessa linha."
A principal vantagem dos minimotores, para Illen, é dar mais liberdade para os projetistas na
construção do chassi, já que ele
abre espaços no carro.
Ou seja, são maiores as chances
de o carro ser melhor do que os rivais também na aerodinâmica.
Para o engenheiro brasileiro José
Avallone Neto, que trabalhou entre 94 e 98 na Jordan, os motores
compactos também tornam o carro mais equilibrado.
De acordo com ele, como esses
motores são mais baixos, diminuem as transferências de peso em
uma curva, por exemplo.
"Imagine um carro esporte, baixinho, rente ao solo. Ele faz uma
curva melhor do que um ônibus,
porque há menos transferência de
peso de um lado para outro. É o
mesmo caso com o motor, preso
ao chassi do carro", afirma Avallone, hoje dono da Petrobrás Avallone Motorsport, equipe que disputa
o Sul-Americano de F-3.
Enquanto a maior parte dos propulsores da F-1 pesa entre 120 kg e
130 kg, os compactos chegam a 100
kg. E há comentários de que são
mais leves ainda -cerca de 95 kg.
A explicação para isso seria a utilização de metais "exóticos", como
o berílio, o titânio e o magnésio,
proibidos pelas regras da categoria. Logicamente, ninguém admite
o uso desse materiais.
Para Illen, a maior desvantagem
dos minimotores, a baixa resistência, já foi superada.
"Quando chegamos à McLaren
(em 95), enfrentamos muitas quebras, justamente porque já estávamos buscando motores cada vez
menores. Aprendemos com aquilo
e hoje superamos esse problema."
O diretor da Ilmor acredita que a
maioria das fábricas seguirá os
passos da Mercedes e da Ford nos
próximos anos. "Tenho certeza
disso. É uma tendência, um caminho natural", afirma.
²
Ferrari
Nesta semana, a equipe do líder
do Mundial, o alemão Michael
Schumacher, anunciou que trará
um pacote de inovações em seu
propulsor a partir do GP da Inglaterra, em julho. Nos bastidores da
F-1, muitos acreditam que será a
primeira versão de um minimotor
do time italiano.
Até lá, talvez o sigilo de Mercedes
e Ford tenham sido quebrados. E
os mecânicos da Stewart já não estarão mais escondendo seu motor.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|