São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2000 |
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FUTEBOL Após a 2ª reação negativa da torcida em partidas das eliminatórias no país, Luxemburgo pede resignação à equipe Seleção se prepara para "engolir" RJ e SP
FÁBIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL AO RIO Duas estrondosas vaias, insultos e pedidos pela sua saída fizeram o técnico Wanderley Luxemburgo admitir: Rio de Janeiro e São Paulo não são aliados, mas, muito pelo contrário, obstáculos que a seleção brasileira terá que aprender a enfrentar até o final das eliminatórias da Copa do Mundo de 2002. Até o empate em 1 a 1 com o Uruguai, anteontem à noite, no estádio do Maracanã, o treinador tentava fazer vista grossa para as dificuldades de jogar nas duas cidades e apostava que a seleção poderia seduzir as torcidas carioca e paulista. O fracasso do Maracanã fez ver que isso era uma ilusão. O Brasil realizou, no entender até mesmo do próprio Luxemburgo, a sua pior apresentação nos últimos anos, empatando a partida a cinco minutos do final, com um gol de pênalti. Como já ocorrera na partida contra o Equador, em São Paulo, a seleção deixou o campo vaiada. Pior: pela primeira vez desde que assumiu a seleção, em agosto de 1998, Wanderley Luxemburgo ouviu um estádio em coro pedir a sua saída. "Falei para os meus jogadores no vestiário: não adianta nós pedirmos para o doutor Ricardo (Teixeira, presidente da CBF) para jogarmos em Recife ou em Sergipe. A realidade é Maracanã e Morumbi, com vaia ou sem vaia. E nós temos que ir à Copa do Mundo com vaia ou sem vaia", afirmou Luxemburgo após a partida de anteontem. São Paulo receberá mais quatro jogos pelas eliminatórias (o próximo será contra a Argentina, no dia 26 de julho), enquanto o Rio será palco de outro três. Diferentemente do que ocorreu nas últimas eliminatórias disputadas pela seleção, em 1993, quando a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) distribuiu os jogos, desta vez as duas maiores cidades brasileiras são as únicas sedes do torneio, que prosseguirá até novembro do próximo ano. A novidade foi uma imposição da Confederação Sul-Americana de Futebol. "Teremos que jogar em casa, no Maracanã e no Morumbi. Essa é a nossa realidade e temos que enfrentá-la até o final das eliminatórias", completou Luxemburgo. "Só nós podemos fazer com que o torcedor venha para o nosso lado. Não tem outra questão que não seja essa. Não podemos trocar a seleção brasileira ou trocar o Estado porque estamos sendo vaiados." O processo de resignação foi deflagrado por Luxemburgo já nos vestiários do Maracanã e, ao que parece, foi bem assimilado pelos jogadores. "Vamos voltar a jogar no Maracanã e, se a torcida apoiar ou não, vamos estar dentro de campo novamente para conseguir o resultado", declarou o lateral-direito Cafu, um dos mais abatidos com o comportamento dos torcedores cariocas anteontem. A seleção entrou em campo com uma formação superofensiva (três atacante e um meia-atacante atuando avançado), mas a estratégia de Luxemburgo não surtiu efeito. No primeiro tempo, sem esquema tático definido, o time esteve completamente perdido no gramado, e o Uruguai abriu o placar após falha de Aldair. Na segunda etapa, com as entradas de Alex, Zé Roberto e Guilherme nas vagas de Ronaldinho, Vampeta e Sávio, a seleção esteve um pouco melhor (empatou com um gol de pênalti do meia Rivaldo), mas, ainda assim, bastante aquém do que os treinos recheados de gols e o otimismo de Luxemburgo projetaram. "Nos dois anos que estamos na seleção brasileira talvez tenha sido a nossa pior atuação. Melhoramos no segundo tempo, mas ficou faltando jogar futebol com um pouco mais de qualidade, que é aquilo que sabemos fazer com propriedade", disse Luxemburgo, que, ainda assim, não considerou o resultado tão ruim. "Não adianta ficar buscando desculpas para acobertar os nossos erros. O que temos que saber é que são eliminatórias de Copa do Mundo. Então foi um resultado de todo tão ruim, porque saímos atrás e ainda conquistamos um empate", afirmou. O Maracanã, como se viu, não concordou. Além das vaias, xingamentos, pedidos de raça e demissão e da implicância com Aldair ("Aldair, pede pra sair") e Cafu, a torcida carioca, debochada, gritou o nome do lateral flamenguista Maurinho, modelo de jogador limitado mas esforçado. Texto Anterior: Lusa nega propostas por Leandro e Émerson Próximo Texto: Frases Índice |
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