DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio ao "boom" de publicações esportivas neste ano olímpico no mercado editorial brasileiro, um dos mais relevantes "mestres" de natação que atuaram no país, o japonês Sato (1900-1993), ganha agora uma obra em sua homenagem.
"Sato, o Poeta Nadador" é mistura convincente de biografia, poesia, manual de natação, tratado de educação e filosofia zen.
O livro, escrito por Ana Figueiredo, está sendo lançado pela editora Ágora.
O trabalho de Sato no Brasil começou no final dos anos 20, quando ele imigrou do Japão para Curitiba (PR), onde trabalhou como agrônomo.
Após alguns insucessos na profissão e na vida pessoal, Sato foi convidado, em 1963, pela Federação Paulista de Natação, para trabalhar em São Paulo como instrutor da modalidade.
No Japão, ele havia treinado, segundo relata Ana Figueiredo, na ACM (Associação Cristã de Moços). No Brasil, marcou época e formou mais de uma geração de grandes nadadores.
Só no Esporte Clube Pinheiros, na capital paulista, Sato atuou como treinador durante 25 anos. Aos 82 anos, foi homenageado pela associação.
Quando se desligou do esporte de competição, Sato decidiu criar, aos 60 anos, o Centro de Educação Bandeirante, onde aperfeiçoou seu método de ensinar natação, calcado na filosofia zen dos orientais.
O método dele tinha como base a linguagem japonesa e sua poesia contemplativa, instantânea, de observação da natureza e do homem. Em meio aos treinos, o mestre exercitava sua verve de poeta, de haicaísta.
A percepção oriental também era colocada em prática quando os alunos do mestre estavam na água. Segundo a autora, o olhar implacável de Sato era capaz de perceber detalhes do estilo de cada nadador que passariam despercebidos por outros técnicos.
A dançarina e coreógrafa Ana Figueiredo, que foi aluna de Sato, compilou, durante anos, alguns dos ensinamentos-poemas do mestre, já que ele praticamente nada escreveu, e decidiu pela publicação do livro.
No trabalho, Ana Figueiredo mistura textos de autoria do mestre com poemas escritos por ela. O livro traz também fotos históricas e depoimentos de ex-alunos ilustres de Sato, como a artista plástica Tomie Ohtake.
Entre as passagens mais interessantes está o encontro do mestre com o ex-ditador Getúlio Vargas, em 1941, em plena 2ª Guerra Mundial, com o Brasil lutando contra os japoneses.
"Quando chegou minha hora de cumprimentar, presidente pergunta: "O senhor é brasileiro?". Não respondi nada. Sorri e esperei. Com calma, falei: "Sou japonês." E aí bateram palmas." (JAB)

POEMA
"Quem tem medo não erra, não apanha, não aprende, não vive, não morre. Na vida tem que apanhar, tem que morrer. Pra viver. Medo é preocupação. Abandona o medo e entrega a Deus. Arrisca, age, apanha e continua", poema de Sato, no Livro "Sato, o poeta nadador", de Ana Figueiredo.

FICHA
Título: Sato, o poeta nadador
Autor: Ana Figueiredo
Editora: Ágora
Telefone: 0/xx/11/3104-4289
Lançamento: junho de 2000
Páginas: 128
Preço: R$ 18,00
Capa: Neide Siqueira
Foto: Mônica Vendramini


Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Tyson e o vento
Próximo Texto: Sato obteve 24 títulos paulistas
Índice