São Paulo, sábado, 30 de junho de 2001

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Livro tenta explicar "maracanazo"

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Dos traumas futebolísticos dos brasileiros, a derrota na final da Copa de 1950 continua insuperável. Agora, surge mais uma teoria que procura explicar a vitória do Uruguai sobre o Brasil, em pleno Maracanã, amparando-se nas personalidades dos capitães das duas equipes, o uruguaio Obdulio Varela e o brasileiro Augusto.
A tese do jornalista uruguaio Franklin Morales no livro ""Maracanã - Los Laberintos del Carácter", com edição apenas em espanhol, mostra Obdulio como um líder grevista e Augusto como um policial licenciado.
""Obdulio era um carismático líder sindical de uma geração. Diferente do seu colega Augusto, policial com licença para jogar futebol", disse Morales.
A intenção do jornalista foi realizar uma análise da decisão, com os anos que o antecederam e o jogo em si, o "maracanazo", no dia 16 de julho de 1950.
Amparado em fotografias que enaltecem as expressões dos personagens, a obra relata a greve de jogadores ocorrida durante sete meses no Uruguai, entre 1948 e 1949. Dela, Obdulio emergiu como líder sindical.
No dia 3 de maio de 1949, quando a greve se encerrou, os jogadores obtiveram várias conquistas. O livro cita algumas: contrato ou liberdade de trabalho para os menores de 21 anos, a desobrigação de um atleta ser vinculado sempre ao mesmo clube e os 10% sobre o valor da transação.
Ex-chefe de redação do jornal ""La Mañana", ex-diretor do ""El Diario" e autor do livro ""Cien Años de Fútbol", sobre a história do futebol uruguaio, Morales envereda pela sociologia para explicar as diferenças entre as equipes.
""Poderia se supor o Brasil liderado por um caudilho como Artigas [prócer da independência uruguaia"? Ou que o imperador Dom Pedro 1º houvesse conduzido nossa independência? O que tinham de parecido os capitães Obdulio Varela e Augusto da Costa? Nada", conclui. Diz, em seguida, que analisou a personalidade do carioca, diferente, segundo ele, do gaúcho e do paulista.
Assim como o Peñarol foi a base da seleção uruguaia, o Vasco, do lateral-direito Augusto, foi a da seleção brasileira.
O jornalista define Augusto como um jogador ""sem aptidões técnicas sobressalentes, mas vigoroso e temperamental".
Já Obdulio Varela era ""intuitivo e carismático condutor de homens em um estádio ou em uma greve".


Maracanã
Los Laberintos del Carácter
Autor: Franklin Morales
Editora: Actividad Editorial
Páginas: 430 (apenas em espanhol)




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