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Livro tenta explicar "maracanazo"
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Dos traumas futebolísticos dos
brasileiros, a derrota na final da
Copa de 1950 continua insuperável. Agora, surge mais uma teoria
que procura explicar a vitória do
Uruguai sobre o Brasil, em pleno
Maracanã, amparando-se nas
personalidades dos capitães das
duas equipes, o uruguaio Obdulio
Varela e o brasileiro Augusto.
A tese do jornalista uruguaio
Franklin Morales no livro ""Maracanã - Los Laberintos del Carácter", com edição apenas em espanhol, mostra Obdulio como um
líder grevista e Augusto como um
policial licenciado.
""Obdulio era um carismático líder sindical de uma geração. Diferente do seu colega Augusto, policial com licença para jogar futebol", disse Morales.
A intenção do jornalista foi realizar uma análise da decisão, com
os anos que o antecederam e o jogo em si, o "maracanazo", no dia 16
de julho de 1950.
Amparado em fotografias que
enaltecem as expressões dos personagens, a obra relata a greve de
jogadores ocorrida durante sete
meses no Uruguai, entre 1948 e
1949. Dela, Obdulio emergiu como líder sindical.
No dia 3 de maio de 1949, quando a greve se encerrou, os jogadores obtiveram várias conquistas.
O livro cita algumas: contrato ou
liberdade de trabalho para os menores de 21 anos, a desobrigação
de um atleta ser vinculado sempre
ao mesmo clube e os 10% sobre o
valor da transação.
Ex-chefe de redação do jornal
""La Mañana", ex-diretor do ""El
Diario" e autor do livro ""Cien
Años de Fútbol", sobre a história
do futebol uruguaio, Morales envereda pela sociologia para explicar as diferenças entre as equipes.
""Poderia se supor o Brasil liderado por um caudilho como Artigas [prócer da independência
uruguaia"? Ou que o imperador
Dom Pedro 1º houvesse conduzido nossa independência? O que
tinham de parecido os capitães
Obdulio Varela e Augusto da
Costa? Nada", conclui. Diz, em
seguida, que analisou a personalidade do carioca, diferente, segundo ele, do gaúcho e do paulista.
Assim como o Peñarol foi a base da seleção uruguaia, o Vasco,
do lateral-direito Augusto, foi a
da seleção brasileira.
O jornalista define Augusto como um jogador ""sem aptidões
técnicas sobressalentes, mas vigoroso e temperamental".
Já Obdulio Varela era ""intuitivo
e carismático condutor de homens em um estádio ou em uma
greve".
Maracanã
Los Laberintos del Carácter
Autor: Franklin Morales
Editora: Actividad Editorial
Páginas: 430 (apenas em espanhol)
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