São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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FINAL/ HOJE

Equipe formada para ganhar experiência para a próxima Copa surpreende na Ásia

Obsessão por 2006 empurra Alemanha na final de 2002

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ROBERTO DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A YOKOHAMA

A Alemanha desafia o Brasil não só pelo título desta Copa, mas também para melhorar ainda mais sua vida no próximo Mundial, em seu território.
A conquista resolveria uma das maiores obsessões do Comitê Organizador do Mundial de 2006: ter a Alemanha fazendo o jogo de abertura, uma questão especialmente delicada para o país.
Na primeira e única vez que organizaram uma Copa, em 1974, a honra de jogar a primeira a primeira partida lhes foi tirada -justamente nesse Mundial teve início a tradição de o campeão anterior iniciar o torneio, e não mais o dono da casa. Com isso, os alemães tiveram de bater palmas para o Brasil de Zagallo, que erguera o troféu quatro anos antes.
Depois de anunciada a sede de 2006, outra mudança histórica conduzida pela Fifa abriu espaço para nova mudança na tradição da abertura: foi decidido que o campeão desta Copa não terá vaga garantida na próxima edição.
Com isso, os alemães lançaram ofensiva para garantir que sua equipe iniciasse o torneio. A tal ponto que, como contou à Folha Wolfgang Niersbach, vice-presidente do Comitê Organizador de 2006, a idéia é emplacar a seleção da casa no jogo de abertura mesmo que o time de Völler perca em Yokohama e o Brasil se classifique para o próximo Mundial.
O título de hoje, além de acabar com a discussão nos bastidores, ajudaria a levantar um futebol que há dois anos era dado como morto. "A surpresa não pára de crescer. É uma promoção magnífica para a nossa Copa", afirma Niersbach, do comitê de 2006.
Nunca um país organizador de uma Copa chegou ao título na edição anterior à que receberá o torneio -e esta Alemanha já tem a melhor campanha na categoria.
O troféu premiaria uma seleção programada para só explodir daqui a quatro anos. A equipe renovada que foi à Ásia tinha a missão de ganhar experiência e evitar cair na primeira fase.
Os alemães surpreenderam. Já garantiram, inclusive, um banquete após a final como presente de sua federação, independentemente do resultado. Mas, já que chegaram até aqui, dizem que não deixarão escapar o título.
"Queremos mais", afirma o técnico Rudi Völler, que antes do Mundial já tivera o contrato renovado até 2006. "Uma final de Copa é uma oportunidade única. Disse aos jogadores que esse é o jogo da vida deles", afirma.
Antes duramente criticado, o time teve a melhor campanha da história alemã rumo à final.
A equipe é em média um ano mais velha que o time de Scolari, mas tem bem menos experiência internacional. Pela lista da Fifa, chegaram à Copa com 25 jogos em média defendendo sua seleção, contra 35 dos brasileiros.
O atacante Klose, por exemplo, só começou a defender a seleção em março do ano passado. Quem estreou ainda mais tarde foi o defensor Metzelder, há dez meses.
Empolgação à parte, a federação alemã optou pela precaução ao usar a final desta Copa como promoção de 2006. Abandonou o plano de começar hoje, no Japão, um novo projeto para os torcedores da seleção, uma espécie de fã-clube oficial do time. A festa de inauguração da torcida organizada ficou para outubro, em Hannover, no primeiro jogo das eliminatórias da próxima Eurocopa.


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