MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ameaça de rebaixamento no Brasileiro, torcida insatisfeita, pressão para vencer e pagar os salários, risco de despedir-se do seu principal jogador, dúvidas na escalação. E ainda tem o Santo André, que chegou a estar à frente no placar no 2 a 2 em São Paulo.
Esses são os adversários que o favorito Flamengo tem que superar hoje, no Maracanã, às 21h45, quando enfrenta o time do ABC na decisão da Copa do Brasil, tentando bisar o feito de 1990.
Naquela edição, o título veio de forma invicta, com seis vitórias e quatro empates. Neste ano, o time, que não perdeu nenhum dos 11 jogos que disputou (oito vitórias e três empates), não pode perder hoje se quiser ser campeão e obter a vaga na Libertadores-05.
O título pode vir também se houver empate até 1 a 1. Igualdade em 2 a 2 leva a decisão aos pênaltis -acima disso, quem comemora é a equipe de São Paulo.
Se vencer, o time carioca baterá o recorde de vitórias numa mesma edição da taça, com nove triunfos, e irá superar Corinthians (1995) e Cruzeiro (2003), que venceram oito jogos cada um. Mas a marca não importa tanto.
Em penúltimo lugar no Brasileiro, com apenas uma vitória na competição, o Flamengo precisa do título para acalmar sua impaciente torcida e, com mais tranqüilidade, tentar reagir.
Além disso, no prêmio de R$ 1 milhão dado ao campeão, a diretoria vê o alívio do atraso nos salários. O vice garante R$ 500 mil.
O clube agravou sua crise financeira em novembro passado, quando as cotas da Petrobras foram suspensas devido à inadimplência rubro-negra no INSS.
Parece pouco? A partida de hoje deve marcar a despedida do Felipe, que sairá do time para se integrar à seleção brasileira que disputará a Copa América a partir do dia 6 de julho, no Peru.
Pretendido pelo Olympique de Marselha (FRA), o destaque da equipe no ano não deve voltar ao clube após o torneio internacional, o que deve complicar ainda mais a reação flamenguista.
"Só vou falar sobre esse assunto depois. Agora, quero me concentrar nesta partida", disse o meia.
Além disso, Abel Braga ainda terá um problema que se estende há 21 dias, quando perdeu Zinho por uma entorse na primeira semifinal contra o Vitória. O meia de 37 anos deve começar a partida no banco de reservas.
"Tenho até as 20h de quarta-feira para decidir [se jogo]. Treinei o tempo todo, ainda tenho um pouco de receio, mas consegui treinar. Isso me dá confiança", disse Zinho, que ganhou a taça em 90, na mesma equipe em que também atuava o diretor técnico Júnior, que fez 50 anos ontem.
Com isso, Abel pode optar pela escalação de Athirson no meio-campo ou recuar da sua decisão anterior. O técnico planejava alinhar Felipe no ataque ao lado de Jean, formação que conquistou o Estadual do Rio deste ano.
Se Felipe não jogar no ataque, os centroavantes Negreiros e Diogo, que não têm agradado, lutam pela vaga. Adepto do mistério nos momentos decisivos, Abel só deverá divulgar o time minutos antes da final, quando encara o problema que pode agravar todos os outros: o Santo André, que na rota até a final derrotou grandes como Atlético-MG, Guarani e Palmeiras.