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Portugal muda o disco e se torna "paz e amor"
Figo e Costinha evitam tom belicoso da véspera, elogiam árbitros, respondem à imprensa inglesa e dizem não pensar no Brasil
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MARIENFELD
Portugal desligou ontem o
modo de combate da véspera e
assumiu uma face "paz e amor",
durante a entrevista dos jogadores Luís Figo e Costinha, que
fugiram de perguntas sobre a
"guerra de nervos" com a mídia
e jogadores ingleses.
Figo definiu claramente o
novo jogo português: "Não estou aqui para falar, mas para jogar. Falar no futebol é fácil".
Os jornalistas britânicos ganharam, no entanto, um prêmio de consolação: Figo respondeu em inglês bastante razoável, para alegria do pessoal
de rádio e TV, que depende do
som. Mas com obviedades, como "não podemos pensar em
sermos campeões se não vencermos a Inglaterra".
Costinha, que não enfrenta
os ingleses por ter sido expulso
no jogo com a Holanda, seguiu
a nova toada, ao dizer que o
principal adversário da seleção
portuguesa "seremos nós mesmos, se nos deixarmos envolver" [pela "guerra de nervos"].
Fica claro que Portugal quer
evitar ficar marcado como seleção belicosa tanto no campo
(pelos nove cartões contra a
Holanda) ou fora dele (por declarações duras), evitando a
prevenção dos árbitros.
Choveram questões sobre o
fato de Luiz Felipe Scolari, o
treinador brasileiro dos portugueses, ser especialista em eliminar a Inglaterra: venceu-a
com o Brasil na Copa de 2002 e
eliminou-a (nos pênaltis) na
Eurocopa-2004.
Ainda assim, os jogadores
portugueses adotaram a discrição: Costinha disse, por exemplo, que foram momentos diferentes, "em situações diferentes e jogadores diferentes".
Figo disse mais ou menos a
mesma coisa: "O passado está
aí para ser lembrado, mas não
pode ajudar nos 90 minutos".
Até os juízes receberam carinho. "Os árbitros que estão
aqui são os melhores do mundo. Não vieram para prejudicar
ninguém, até porque também
querem apitar os jogos mais
importantes, como os da meia-final [semifinal, em Portugal] e
a final", disse Figo.
Nem quando a Folha tentou
saber se, nas horas ociosas, os
jogadores falavam de uma
eventual semifinal contra o
Brasil, Figo entregou o jogo.
"Não falamos muito sobre o
que pode ou não acontecer na
competição. Os cruzes [cruzamentos, no português do Brasil] já estão definidos desde o
princípio. Se vier o Brasil, melhor", limitou-se a dizer.
E não poderia faltar o elogio
rasgado que todos os jogadores
fazem ao treinador. Figo afirmou que Scolari é "uma pessoa
extremamente importante para a seleção por tudo o que tem
feito por Portugal".
Sobre táticas de jogo ou escalação, nada, até porque o treino
foi fechado à imprensa. Nem a
situação de Cristiano Ronaldo
está definida. "Ele ainda será
observado nos dois próximos
dias", limitou-se a dizer Afonso
Melo, o porta-voz da Federação Portuguesa de Futebol.
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