São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Portugal muda o disco e se torna "paz e amor"

Figo e Costinha evitam tom belicoso da véspera, elogiam árbitros, respondem à imprensa inglesa e dizem não pensar no Brasil

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MARIENFELD

Portugal desligou ontem o modo de combate da véspera e assumiu uma face "paz e amor", durante a entrevista dos jogadores Luís Figo e Costinha, que fugiram de perguntas sobre a "guerra de nervos" com a mídia e jogadores ingleses.
Figo definiu claramente o novo jogo português: "Não estou aqui para falar, mas para jogar. Falar no futebol é fácil".
Os jornalistas britânicos ganharam, no entanto, um prêmio de consolação: Figo respondeu em inglês bastante razoável, para alegria do pessoal de rádio e TV, que depende do som. Mas com obviedades, como "não podemos pensar em sermos campeões se não vencermos a Inglaterra".
Costinha, que não enfrenta os ingleses por ter sido expulso no jogo com a Holanda, seguiu a nova toada, ao dizer que o principal adversário da seleção portuguesa "seremos nós mesmos, se nos deixarmos envolver" [pela "guerra de nervos"].
Fica claro que Portugal quer evitar ficar marcado como seleção belicosa tanto no campo (pelos nove cartões contra a Holanda) ou fora dele (por declarações duras), evitando a prevenção dos árbitros.
Choveram questões sobre o fato de Luiz Felipe Scolari, o treinador brasileiro dos portugueses, ser especialista em eliminar a Inglaterra: venceu-a com o Brasil na Copa de 2002 e eliminou-a (nos pênaltis) na Eurocopa-2004.
Ainda assim, os jogadores portugueses adotaram a discrição: Costinha disse, por exemplo, que foram momentos diferentes, "em situações diferentes e jogadores diferentes".
Figo disse mais ou menos a mesma coisa: "O passado está aí para ser lembrado, mas não pode ajudar nos 90 minutos".
Até os juízes receberam carinho. "Os árbitros que estão aqui são os melhores do mundo. Não vieram para prejudicar ninguém, até porque também querem apitar os jogos mais importantes, como os da meia-final [semifinal, em Portugal] e a final", disse Figo.
Nem quando a Folha tentou saber se, nas horas ociosas, os jogadores falavam de uma eventual semifinal contra o Brasil, Figo entregou o jogo.
"Não falamos muito sobre o que pode ou não acontecer na competição. Os cruzes [cruzamentos, no português do Brasil] já estão definidos desde o princípio. Se vier o Brasil, melhor", limitou-se a dizer.
E não poderia faltar o elogio rasgado que todos os jogadores fazem ao treinador. Figo afirmou que Scolari é "uma pessoa extremamente importante para a seleção por tudo o que tem feito por Portugal".
Sobre táticas de jogo ou escalação, nada, até porque o treino foi fechado à imprensa. Nem a situação de Cristiano Ronaldo está definida. "Ele ainda será observado nos dois próximos dias", limitou-se a dizer Afonso Melo, o porta-voz da Federação Portuguesa de Futebol.


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