São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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JUCA KFOURI

O clássico exemplar no Morumbi


Os dois times mais queridos do "país do futebol" levaram somente 5.495 pessoas ao campo e empataram em tudo


MELHOR RETRATO , impossível. Corinthians e Flamengo não foram capazes de levar nem 6.000 torcedores ao estádio. É claro, estava frio, muito frio, coisa de 10C na tarde de domingo paulistana.
Mas não foi o inverno que afastou o torcedor e, no caso, nem sequer o medo de violência, principal fator que tem indisposto o torcedor a freqüentar os campos de futebol.
O principal responsável foi mesmo o futebol, ou melhor, o nenhum futebol que os dois times têm apresentado e não é de hoje.
Basta dizer que neste século Corinthians e Flamengo ainda não fizeram um jogo em que ambos estivessem em boa situação num campeonato, seja qual for.
Tem sido quase sempre como o jogo de ontem, com ambos em busca de fugir do rebaixamento.
E, diga-se, o jogo não foi um horror, muito embora, num olhar rigoroso, só Felipe e Willian, do lado alvinegro, e Bruno, Juan, Léo Moura e Renato Augusto têm futebol para serem titulares à altura da tradição dos dois times mais populares do "país do futebol".
"País do futebol" em termos, porque as pesquisas revelam que o maior contingente de brasileiros não se interessa por futebol, só depois aparecendo as torcidas de Flamengo e Corinthians.
Mas o jogo teve seus momentos, com o Flamengo melhor no primeiro tempo e surpreendido pelo gol do Corinthians, em rápido contra-ataque bem puxado por Willian para Clodoaldo marcar.
E quase 20 minutos de absoluto predomínio corintiano no segundo tempo, até que Dinelson ampliou.
Então, como se fosse o Corinthians de 2002 de Carlos Alberto Parreira, o time valorizou a posse de bola e alugou o campo carioca, com incrível facilidade.
Mas foi só Souza diminuir para o time paulista entrar em parafuso e tomar o gol de empate de Léo Medeiros. E que se dê por feliz por não ter levado o da virada, porque o Flamengo esteve mais perto, graças, sobretudo, a bons momentos de Roger, que entrou no início do segundo tempo.
A fragilidade técnica das equipes tem motivos óbvios.
Basta dizer que, em 2001, o Flamengo decretou o impeachment de seu então presidente, Edmundo Santos Silva, responsável por uma parceria milionária que só não injetou dinheiro na Gávea.
Silva ficou famoso por, em prantos, na CPI do Futebol, cunhar a frase: "Eu não sou um criminoso comum". De fato.
Só que ele continua por aí, livre, leve e solto, e o Flamengo herdou uma dívida impagável.
Já, agora, o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, é réu na Justiça Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, fruto de outra parceria nebulosa e cujos prejuízos ainda estão longe de serem avaliados com a necessária exatidão.
Pior: a "oposição" continua a ver o parceiro com bons olhos.
Mesmo assim, as soluções que se têm encontrado no Brasil são do tipo Timemania, que premia os que causaram o descalabro. Mudar o modelo de gestão nem pensar.
E tome Morumbi vazio num jogo deste porte.
Pensar que já teve Sócrates, Zico...

blogdojuca@uol.com.br


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