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FUTEBOL
Com elenco milionário e faturamento cada vez maior, Real Madrid estréia no torneio nacional sem oponentes de peso
Espanha vê monopólio de superpotência
ALEC DUARTE
PAULO GALDIERI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Monopólio. Nenhuma outra palavra expressa tão claramente a situação que o Real Madrid impôs a
seus pobres adversários no Campeonato Espanhol, que começa
hoje com seis partidas.
Atual campeão e dono de 29 títulos nacionais (somados, os rivais ostentam 43), o clube que
melhor representa a coroa espanhola entra na disputa com status
de imbatível, protegido da mídia e
centro das atenções.
Parece não haver limites para as
pretensões de Florentino Pérez,
presidente do clube e responsável
pela montagem do esquadrão.
Indo na contramão de seus pares, o dirigente fechou a contratação mais badalada da temporada
e reforçou, ao acertar com o inglês
Beckham por 25 milhões, um
elenco que já era milionário.
Com Roberto Carlos, Raúl, Figo, Zidane, Ronaldo e, agora, a estrela inglesa, o Real Madrid parece ter dito a seus rivais que será
muito difícil removê-lo do posto
de líder do ranking histórico dos
campeonatos nacionais.
O clube também é, com nove
Copas dos Campeões e três Mundiais interclubes, o maior vencedor do futebol mundial.
Nesta semana, o time já demonstrou sua força ao bater o
Mallorca por 3 a 0 (depois de uma
derrota por 2 a 1 na partida de ida)
e levantar a primeira taça da temporada, a Supercopa.
Fora do campo, as coisas também vão de vento em popa para o
clube da capital da Espanha. Dono do mais vultoso contrato de
patrocínio entre os 20 participantes do campeonato ( 12 milhões,
da Siemens), tem várias outras
fontes de receita.
Recebe da Adidas (fornecedora
de material esportivo), das emissoras de TV (será o time mais
mostrado no vídeo) e, só com a
venda de camisas oficiais, deve recuperar boa parte do investimento no astro Beckham.
A chegada do inglês também inseriu o clube num mercado ainda
incipiente, mas de alto potencial
consumidor: o asiático.
Um acordo de seis anos com a
empresa Asia Sports Development vai garantir ao Real um faturamento de 40 milhões até 2006
apenas em direitos de imagem.
Só para disputar quatro amistosos que pararam o continente, no
mês passado, a equipe voltou para
casa com US$ 8 milhões.
Enquanto isso...
Os impressionantes números
do Real Madrid contrastam com a
realidade dos outros 19 coadjuvantes. Desde 2000, o dinheiro
movimentado em contratações
despencou de 450 milhões para
120 milhões.
E o Real nem foi o que mais gastou. Desesperado para apagar a
má impressão da temporada passada, quando terminou o Espanhol em sexto lugar e não se classificou para a Copa dos Campeões,
o Barcelona desembolsou 41
milhões, 27 milhões só no brasileiro Ronaldinho.
A situação é contraditória com
o balanço apresentado na semana
passada. Segundo o documento, o
Barcelona teve o maior déficit de
sua história - 164 milhões.
Também endividados, outros
times espanhóis preferiram se
desfazer de jogadores caros e apelaram para a redução da folha de
pagamento. Atletas como Kluivert e Cocu, do Barcelona, tiveram que reduzir seus ganhos.
O Barcelona abriu mão de Riquelme, Sorín, Fábio Rockemback, Mendieta, Geovanni e
Frank de Boer. O La Coruña perdeu o holandês Makaay, artilheiro
da liga passada. O Valencia ficou
sem o argentino Kily González,
um dos melhores jogadores dos
últimos campeonatos.
Menos estrelas, menos dinheiro, mais atenções para o Real no
torneio, que começa hoje com o
atual campeão enfrentando o Betis, Espanyol x Real Sociedad, Málaga x Villarreal, Albacete x Osasuna, Athletic Bilbao x Barcelona
e Valencia x Valladolid. Amanhã,
quatro partidas completam a primeira rodada do Espanhol.
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