São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Próximo Texto | Índice

O melhor Brasil

País fecha campanha de recordes em Atenas com título no vôlei e prova de heroísmo na maratona

DOS ENVIADOS A ATENAS

O Brasil jamais vai esquecer o último dia da Olimpíada de Atenas. Foi o dia da medalha de ouro do vôlei masculino. Foi o dia do recorde de ouros da história nacional. Foi o dia em que o Brasil chegou ao 18º lugar na classificação dos Jogos. E foi também o dia em que um brasileiro chegou perto de terminar em primeiro lugar uma maratona emblemática -disputada na rota original-, mas acabou prejudicado por um incidente incrível.
O berço histórico dos Jogos reservou aos brasileiros um final apoteótico e surpreendente.
Após a decepção de sábado, quando o vôlei e o basquete femininos ficaram sem medalha de bronze, e o revezamento 4 x 100 m do atletismo não repetiu sua prata, o Brasil viu ontem a equipe de Bernardinho chegar ao segundo ouro olímpico da modalidade.
O jogo decisivo foi uma espécie de microcosmo do último final de semana olímpico: um começo fácil, a derrota no segundo set e a retomada do time, que chegou à vitória por 3 sets a 1.
É a primeira vez desde a década de 80, época da supremacia dos EUA, que uma seleção masculina acumula os títulos mundial e olímpico.
O resultado garantiu ao Brasil seu quarto ouro, algo que o país jamais havia conquistado em uma Olimpíada -o recorde, de três, era de Atlanta-96.
Esse quarto ouro alçou a delegação brasileira ao 18º lugar na classificação final dos Jogos. É a terceira melhor posição do Brasil. Perde apenas para uma Olimpíada em que houve boicote (Moscou-80) e para a edição de 1920, em Antuérpia, Bélgica.
Quando a sorte brasileira em Atenas já parecia definida, a grande surpresa da competição.
Vanderlei Cordeiro de Lima, 35, paranaense de Cruzeiro D'Oeste, assumiu a liderança da maratona, a última medalha em disputa na Olimpíada grega.
Faltavam cerca de 6 dos 42,195 km da prova quando ele foi agarrado por um espectador, que invadiu a pista e o derrubou.
O brasileiro perdeu oito segundos, mas ainda fechou o percurso com a inédita medalha de bronze na prova mais simbólica da Olimpíada -e o primeiro pódio nacional obtido em corridas de fundo no atletismo.
Foi também a primeira medalha da modalidade em Atenas. A delegação do Brasil protestou por causa da invasão; o resultado, contudo, foi mantido.
"Só de estar numa Olimpíada já é muita alegria. O bronze coroou minha vida no esporte", disse um conformado Lima. De toda forma, o Brasil tenta novo recurso para mudar o resultado.
A maluquice colocou em xeque a segurança olímpica -sem qualquer arranhão durante os Jogos-, que envolveu todo tipo de força militar e policial, consumindo cerca de US$ 1,5 bilhão.
Um ex-padre irlandês provou ao mundo, com uma ação desoladora para os brasileiros, que o megaesquema de segurança era vulnerável.
A 28ª Olimpíada da Era Moderna chegou ao final e entrou para a história do Brasil. Mas o Brasil também teve garantido seu lugar na história da Olimpíada.


Próximo Texto: O maratonista: Herói no infortúnio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.