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GEOPOLÍTICA
Só em Estocolmo-1912 distância entre 1º e 2º foi menor que os 3 ouros de Atenas
EUA e China fecham disputa por topo mais acirrada dos últimos 90 anos
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Desde Estocolmo-1912, os Jogos
Olímpicos não viam dois países
tão próximos um do outro no topo do quadro de medalhas. Ao final de Atenas-2004, os EUA lideraram com 35 ouros, mas seguidos de perto pela China, com 32.
Há 92 anos, os EUA haviam ficado com 25 ouros, e a Suécia,
com 24. Desde então, a menor diferença havia sido verificada em
Melbourne-56, quando a União
Soviética obteve 37 primeiros lugares, contra 32 dos americanos.
Nesta Olimpíada, os EUA desceram seis degraus em relação a
Sydney-00, quando conquistaram 40 primeiras colocações. Já
os chineses coroaram a melhor
atuação de sua história, com cinco
ouros a mais do que há quatro
anos. Os americanos, porém, ficaram mais competitivos. Obtiveram 103 medalhas no total (incluindo pratas e bronzes), 6% a
mais do que na Austrália.
"Nós vimos o despertar da Ásia.
Acompanhamos um imenso progresso da China, um extraordinário sucesso do Japão, da Coréia do
Sul, da Tailândia e da Indonésia.
Eu acredito que seja um sinal de
que a Ásia estará com o máximo
de força daqui a quatro anos. As
fortes nações que dominaram o
cenário terão que trabalhar seriamente para que, no futuro, possam manter-se no topo", disse
ontem o presidente do Comitê
Olímpico Internacional, Jacques
Rogge, na última entrevista em
Atenas. Os próximos Jogos, em
2008, serão realizados em Pequim. "É muito agradável acompanhar novas nações chegando e
novos continentes emergindo."
A Olimpíada abriga 28 esportes
oficiais, divididos em 37 disciplinas. Desses, os EUA ficaram na
frente, em total de ouros, em cinco, ao lado da China, com também cinco. Eles foram seguidos
pela Alemanha, que ficou na frente em 4. O Brasil foi quem mais
ganhou ouros no vôlei (dois, um
na quadra e outro na praia) e na
vela (dois, como a Grã-Bretanha).
Mas tanto americanos quanto
chineses foram beliscando medalhas em modalidades nas quais
não chegaram a dominar. Os
EUA ganharam ouro em 15 esportes. A China, em 13.
É uma realidade diferente da de
outros países bem posicionados
no quadro geral. O Japão, por
exemplo, concentrou metade dos
seus ouros no judô. O país colocou oito judocas no posto mais alto do pódio em Atenas. Terminou
os Jogos na quinta colocação,
igualando feito de Montréal-76.
Cuba fechou sua participação
olímpica com nove ouros -cinco
deles conquistados no boxe.
Numa clássica escala de sobe-e-desce, entraram para o seleto grupo dos 20 mais bem colocados no
quadro de medalhas: Ucrânia,
Brasil e Espanha. Saíram a Polônia, a Bulgária e a Etiópia.
Para o COI, porém, falar em
quadro de medalhas, critérios de
desempate ou ouros obtidos por
países não simboliza o valor dos
Jogos. "Disputar a eliminatória às
8h, com um estádio vazio. Isso é o
que eu chamo de o verdadeiro espírito olímpico", disse Rogge.
Na Olimpíada com o maior número de países representados
(202), houve uma distribuição recorde de ouros: 56 delegações voltarão para a casa com pelo menos
um primeiro lugar na bagagem.
Mas o total de medalhas distribuídas ficou um pouco mais concentrado do que em Sydney, quando
80 países tiveram representantes
no pódio -em Atenas, foram 75.
Seis nações conquistaram ouros
inéditos, incluindo um atirador
dos Emirados Árabes Unidos e
um velejador de Israel. Dois outros países, Paraguai e Eritréia,
conseguiram ingressar no quadro
de medalhas pela primeira vez.
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