São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Faltou ousadia ao clássico

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O numeroso público que foi ao Morumbi ver o clássico Corinthians 1 x 0 Palmeiras merecia mais futebol. Não me refiro tanto ao nível técnico mediano -ao qual já estamos habituados neste Brasileirão-, mas principalmente à falta de ousadia e coragem das duas equipes.
O primeiro tempo foi duro de assistir, com pouquíssimas jogadas de ataque: uma ou outra estocada de Elson pelo Palmeiras, uma ou outra estocada de Gil pelo Corinthians. Num jogo travado no meio de campo, com muitas faltas e passes errados, o gol só poderia acabar saindo, como saiu, numa jogada fortuita. No caso, um erro do bom goleiro Sérgio, atrapalhado pelo sol.
No segundo tempo, esperava-se um Palmeiras aguerrido e ofensivo, mas o time não mostrou forças nem imaginação para furar a boa marcação da defesa corintiana. A meu ver, o treinador palmeirense Estevam Soares mexeu tarde e mal na equipe. Demorou a escalar Pedrinho e, quando o fez, tirou de campo os dois alas, o que diminuiu muito as possibilidades de armação do talentoso meia. O time afunilou seu jogo pelo meio, facilitando a tarefa dos três zagueiros alvinegros.
Além de não criar muitas chances de gol, o Palmeiras abriu brechas para os contra-ataques corintianos. O time de Tite só não ampliou a vantagem por falta de competência e serenidade de seus atacantes, que perderam três chances cara a cara com Sérgio.
Para a torcida corintiana, uma festa merecida. A vitória alvinegra não só vingou a derrota sofrida para o rival no primeiro turno como deu um ânimo extra à equipe, que vinha patinando sem sair do lugar nas últimas rodadas.

Mineirão
Ao contrário do que aconteceu no clássico paulista, Cruzeiro e Santos fizeram no Mineirão um jogo aberto e empolgante.
Foram duas equipes que "jogaram e deixaram jogar", como se dizia antigamente, o que quase foi fatal para o Cruzeiro.
Marcação frouxa contra um time que tem Robinho, Ricardinho e Deivid é suicídio. Diante da rapidez dos santistas, os volantes e zagueiros cruzeirenses chegavam sempre atrasados, cometendo muitas faltas. Com a expulsão de Martinez, abriu-se a porteira para o que se desenhava como uma goleada santista.
Mas o Santos toma gols com a mesma facilidade com que os faz. Os dois laterais continuam atacando ao mesmo tempo, como se a equipe dispusesse de três zagueiros. E Antônio Carlos mostrou-se sem ritmo de jogo. Além de errar muitos passes, esteve lento e mal posicionado. O Cruzeiro aproveitou-se disso para empreender uma reação espetacular.

Maracanã
Se faltou futebol no Morumbi, no Maracanã faltou público para o clássico Vasco 1 x 1 Fluminense. Não vi o jogo, mas qualquer confronto entre essas equipes merece mais gente no estádio. Onde foi parar o público que enchia o Maracanã no Estadual do Rio?

Passeio argentino
A Argentina confirmou com sobras seu favoritismo à medalha de ouro do futebol masculino em Atenas. Alguém poderá dizer que a ausência do Brasil facilitou o caminho argentino, mas temos de admitir que a campanha dos vizinhos que amamos odiar foi impecável: sete vitórias em sete jogos, 17 gols a favor e zero contra.

Castigo tricolor
O São Paulo é um time estranho. Começou jogando mal contra o Guarani, tomou 2 a 0, mostrou um notável poder de reação virando o jogo em poucos minutos, mas depois disso foi de uma inoperância irritante. O castigo do empate bugrino no final foi merecido. Um time que quer ser campeão tem que mostrar bem mais padrão de jogo, ímpeto e imaginação.

E-mail - jgcouto@uol.com.br

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