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FUTEBOL
Faltou ousadia ao clássico
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O numeroso público que foi
ao Morumbi ver o clássico
Corinthians 1 x 0 Palmeiras merecia mais futebol. Não me refiro
tanto ao nível técnico mediano
-ao qual já estamos habituados
neste Brasileirão-, mas principalmente à falta de ousadia e coragem das duas equipes.
O primeiro tempo foi duro de
assistir, com pouquíssimas jogadas de ataque: uma ou outra estocada de Elson pelo Palmeiras,
uma ou outra estocada de Gil pelo Corinthians. Num jogo travado
no meio de campo, com muitas
faltas e passes errados, o gol só poderia acabar saindo, como saiu,
numa jogada fortuita. No caso,
um erro do bom goleiro Sérgio,
atrapalhado pelo sol.
No segundo tempo, esperava-se
um Palmeiras aguerrido e ofensivo, mas o time não mostrou forças nem imaginação para furar a
boa marcação da defesa corintiana. A meu ver, o treinador palmeirense Estevam Soares mexeu
tarde e mal na equipe. Demorou
a escalar Pedrinho e, quando o
fez, tirou de campo os dois alas, o
que diminuiu muito as possibilidades de armação do talentoso
meia. O time afunilou seu jogo
pelo meio, facilitando a tarefa dos
três zagueiros alvinegros.
Além de não criar muitas chances de gol, o Palmeiras abriu brechas para os contra-ataques corintianos. O time de Tite só não
ampliou a vantagem por falta de
competência e serenidade de seus
atacantes, que perderam três
chances cara a cara com Sérgio.
Para a torcida corintiana, uma
festa merecida. A vitória alvinegra não só vingou a derrota sofrida para o rival no primeiro turno
como deu um ânimo extra à equipe, que vinha patinando sem sair
do lugar nas últimas rodadas.
Mineirão
Ao contrário do que aconteceu
no clássico paulista, Cruzeiro e
Santos fizeram no Mineirão um
jogo aberto e empolgante.
Foram duas equipes que "jogaram e deixaram jogar", como se
dizia antigamente, o que quase
foi fatal para o Cruzeiro.
Marcação frouxa contra um time que tem Robinho, Ricardinho
e Deivid é suicídio. Diante da rapidez dos santistas, os volantes e
zagueiros cruzeirenses chegavam
sempre atrasados, cometendo
muitas faltas. Com a expulsão de
Martinez, abriu-se a porteira para o que se desenhava como uma
goleada santista.
Mas o Santos toma gols com a
mesma facilidade com que os faz.
Os dois laterais continuam atacando ao mesmo tempo, como se
a equipe dispusesse de três zagueiros. E Antônio Carlos mostrou-se sem ritmo de jogo. Além
de errar muitos passes, esteve lento e mal posicionado. O Cruzeiro
aproveitou-se disso para empreender uma reação espetacular.
Maracanã
Se faltou futebol no Morumbi,
no Maracanã faltou público para
o clássico Vasco 1 x 1 Fluminense.
Não vi o jogo, mas qualquer confronto entre essas equipes merece
mais gente no estádio. Onde foi
parar o público que enchia o Maracanã no Estadual do Rio?
Passeio argentino
A Argentina confirmou com
sobras seu favoritismo à medalha de ouro do futebol masculino em Atenas. Alguém poderá
dizer que a ausência do Brasil
facilitou o caminho argentino,
mas temos de admitir que a
campanha dos vizinhos que
amamos odiar foi impecável:
sete vitórias em sete jogos, 17
gols a favor e zero contra.
Castigo tricolor
O São Paulo é um time estranho. Começou jogando mal
contra o Guarani, tomou 2 a 0,
mostrou um notável poder de
reação virando o jogo em poucos minutos, mas depois disso
foi de uma inoperância irritante. O castigo do empate bugrino
no final foi merecido. Um time
que quer ser campeão tem que
mostrar bem mais padrão de
jogo, ímpeto e imaginação.
E-mail - jgcouto@uol.com.br
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