São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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JUCA KFOURI

Um jogão e quatro homens


Rogério Ceni, Ricardo Gomes, Marcos e Luiz Gonzaga Belluzzo: mais do que apenas personagens do clássico


ROGÉRIO CENI, indignado com a covardia e cafajestagem do episódio no vestiário da Portuguesa, não deixou por menos.
E pontificou, coberto de razão: "Achei lamentável e um absurdo o que aconteceu na Portuguesa. Não entendo por que as pessoas não vão ao Senado reclamar da mesma maneira. Se tivéssemos a mesma bravura para combater os políticos corruptos, talvez o nosso país fosse melhor. Existe uma inversão de valores na sociedade. A população não se revolta contra quem mexe no dinheiro, no bolso dela, mas sim contra um time que não ganhou em casa", revoltou-se.
Para quem, uma semana antes, disse ter orgulho em trabalhar com Richarlyson, a vítima predileta dos homofóbicos tricolores que temem olhar para dentro de si mesmos, Rogério Ceni passa a fazer jus ao Senado, desde que por um partido que ainda não existe.
Já Ricardo Gomes atuou com perfeição em outra praia.
Quando quiseram saber se ele estava preocupado com o grande jogo desta tarde de domingo no Morumbi, ele respondeu: "Não estou nem um pouco preocupado. Estou sim é certo de que será um jogão".
E disse mais porque mais lhe perguntaram. Por exemplo, se ele achava que haveria quem dentro do grupo são-paulino esperasse o jogo para se vingar de Muricy Ramalho: "Ora, o Muricy deixou muito mais boas lembranças do que eventuais desgastes de uma relação de três anos, desgastes que acontecem em quaisquer relacionamentos mais prolongados", disse com serenidade.
Quantos homens que vivem em nosso futebol têm o comportamento do goleiro e do treinador do São Paulo?
Tão poucos que outro ótimo personagem, que fez história no Morumbi, um dia disse que o futebol não era coisa para gente séria, embora ele fosse seríssimo, não se chamasse Telê Santana.
Mas há mais, em torno do decisivo, para o São Paulo, clássico desta tarde de futebol.
Há um bombeiro militante, um "reformista radical", segundo ele mesmo, presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo.
Que colabora para que não haja nem sombra da beligerância que caracterizou a espera de outros encontros recentes entre São Paulo e Palmeiras, o que faz da rivalidade entre ambos, apenas isso, rivalidade, a ponto de o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, de tão raras manifestações de afeto, ter dito literalmente que gosta demais de Belluzzo e que o receberá fidalgamente.
Ora, se somarmos a tudo isso figuras como Marcos, o bem-amado, eis que temos os ingredientes para vermos apenas um jogo de futebol, um excelente jogo de futebol, diante de provavelmente o maior público deste ano no Morumbi.
É claro que as maiores responsabilidades estão postas nos ombros tricolores, não só por jogar em casa mas, principalmente, porque têm quatro pontos a menos que os líderes alviverdes.
Alviverdes que terão por que comemorar um empate nesta tarde, soltar rojões em caso de vitória e encarar com absoluta naturalidade uma eventual derrota, ainda mais agora, com Vágner Love de volta.
Que ganhe o futebol.

blogdojuca@uol.com.br

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