São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Organizada acusa polícia de atirar sem necessidade

TORCIDA
PM diz desconhecer origem de bala que atingiu palmeirense


LUCAS REIS
MARTÍN FERNANDEZ

ENVIADOS ESPECIAIS A PRESIDENTE PRUDENTE

Torcedores do Palmeiras acusam policiais militares de dar tiros com balas letais em confusão anteontem, antes do clássico em Prudente.
A polícia diz que vai investigar o caso. E se queixa da falta de apoio da prefeitura, da Federação Paulista de Futebol e dos próprios clubes na segurança de eventos de grande porte, como o Dérbi.
O auxiliar de escritório Roberto de Castro Filho, 21, está em estado grave na UTI do Hospital Regional da cidade.
Ele levou um tiro de bala letal na região do glúteo durante confronto com a polícia. Não se sabe quem atirou.
Lucas Alves Lezo, 21, balconista, foi atingido na perna e também está internado, mas não corre riscos graves.
A reportagem conversou com cinco torcedores da Mancha Alviverde que estavam na confusão. Eles disseram ter ouvido o major Laudelino Marcos Passos dar ordens claras para que seus homens atirassem nos torcedores.
Ontem, duas cápsulas de calibre 12, ou seja, de munição letal, foram encontradas no local. A PM agora investiga se partiram das armas dos policiais os dois tiros.
No boletim de ocorrência, policiais dizem que não viram nenhuma arma de fogo sendo usada no confronto.
"Se erramos, vamos apurar, e os responsáveis serão punidos", disse o tenente Thiago César, que também informou que o major Passos, acusado de ordenar os tiros, não falaria sobre o caso.
César declarou que a polícia local tem preparo para situações desse tipo. Foram 450 homens no clássico.
Mas queixou-se da falta de apoio. "Temos estrutura para oferecer. Mas cassamos folgas, pegamos policiais de outras cidades. Onera nosso serviço, foge muito da rotina."
"Não temos, por exemplo, um batalhão de choque específico para esse tipo de situação", declarou o tenente.
Os palmeirenses disseram que não houve confronto com corintianos -é o único ponto com o qual a PM concorda.
A confusão começou quando torcedores da Mancha viram corintianos descendo em direção a eles. Segundo a polícia, eram torcedores comuns -ou seja, não pertenciam a organizadas- que corriam para entrar na fila.
Os palmeirenses ficaram prontos para um possível embate. A polícia percebeu e fez um cordão de isolamento.
A PM diz que, então, os palmeirenses começaram a jogar pedras e pedaços de madeira. Os torcedores contam que foram os policiais que começaram o confronto, atirando bombas de efeito moral e dando tiros de borracha.
Os palmeirenses disseram que a polícia não precisava dar tiros de borracha, muito menos de armas letais.
"Houve munição letal, mas temos que descobrir de quem partiu. No caso do Lucas, que levou o tiro na perna, não sabemos se foi tiro de borracha ou letal", disse o tenente.
Segundo ele, uma denúncia anônima dizia que pessoas da Mancha portavam armas de fogo. A torcida nega.
Sérgio do Prado, gerente administrativo do Palmeiras, ficou uma noite em Prudente para auxiliar os feridos.


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