São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Com o enfraquecimento da Liga Rio-SP, dirigente será reeleito hoje para continuar à frente da federação paulista

Fora do prazo e sem adversário, Farah ganha 4º mandato

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Eleição fora do prazo. Inscrição de chapa favorecida pelo estatuto. Sem adversário. Assim, Eduardo José Farah será reeleito hoje para mais quatro anos de mandato presidencial na FPF (Federação Paulista de Futebol).
Todos os clubes e ligas do Estado estão convidados a participar do evento, às 14h30, na sede da entidade. Evento porque não haverá disputa, apenas aclamação do dirigente, que está há 14 anos no comando da entidade.
Nenhuma outra chapa foi inscrita para concorrer na eleição. Único opositor de Farah a tentar articular uma candidatura para confrontá-lo, Milton Cardoso disse que esbarrou no que chamou de "medo" dos times da A-1.
"Todos eles têm medo do Farah. Medo não sei do quê, mas o fato é que têm. Consegui 35 assinaturas de adesão, mas, como não deu certo, já me comprometi a queimar o documento com o nome das pessoas que me apoiariam. Já pensou se o Farah descobre quem tentou colocá-lo para fora? Eles me pediram e vou cumprir o acordo. Ninguém vai saber de nada", afirmou Cardoso, ex-presidente da Ferroviária, clube da Série da A-3.
O "medo" a que se referiu Cardoso o tirou da disputa pela presidência da federação.
Diz o estatuto da FPF que para protocolar uma chapa, o interessado precisa arrematar o apoio de pelo menos 18 times, nove dos quais da Série A -sendo cinco times da primeira divisão, dois da segunda e dois da terceira.
Cardoso fracassou porque só conseguiu o apoio de três equipes da elite do futebol paulista.
O que faltou na chapa do ex-dirigente da Ferroviária, sobrou na de Farah. O presidente da FPF, a quem é dada a faculdade de marcar as eleições da entidade, inscreveu-se com o apoio de mais de cem clubes e ligas.
Como Farah se inscreveu primeiro, ele inviabilizou o apoio de alguns clubes a Cardoso, que declarou haver coincidência de assinaturas na sua chapa e na do dirigente -diz o parágrafo quarto do artigo 6 do estatuto, que um clube pode apoiar mais do que um candidato, mas a sua assinatura só valerá para a chapa que primeiro for protocolada.
Com dois meses e vinte e dois dias de atraso, Farah também presidirá o pleito que o levará ao quarto mandato à frente da FPF.
Como a Folha revelou, o estatuto da entidade obriga que a sucessão presidencial seja decidida até 180 dias antes do final do mandato em exercício. Isso significa que a Assembléia Geral deveria ter escolhido o novo presidente da entidade antes de 8 de julho.
Na época, Farah não era nem pretendia ser candidato a um novo mandato na FPF.
O novo calendário do futebol brasileiro ainda não havia sido homologado, e o dirigente se preparava para deixar a federação nas mãos de um de seus homens de confiança: seu vice, Reynaldo Carneiro Bastos; ou o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de SP, Marco Polo Del Nero. O projeto de Farah era assumir a Liga Nacional.
Mas a candidatura dos dois foi abortada depois de Globo, CBF e Clube dos 13 decidirem pela abolição dos torneios regionais e esmagamento dos estaduais.
Enfraquecido, Farah, que acumula também a presidência da Liga Rio-SP, avaliou e decidiu ficar no comando da federação.
Reaproximou-se dos clubes do interior, abriu a possibilidade de uma "virada de mesa" que beneficiará os times das divisões inferiores no Paulista-03 e marcou a eleição em tempo recorde - publicou o edital de convocação para a Assembléia Geral na última terça, 24, e estipulou como prazo final para inscrição das chapas sexta, 27, às 17h.



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