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FUTEBOL
Com o enfraquecimento da Liga Rio-SP, dirigente será reeleito hoje para continuar à frente da federação paulista
Fora do prazo e sem adversário, Farah ganha 4º mandato
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Eleição fora do prazo. Inscrição
de chapa favorecida pelo estatuto.
Sem adversário. Assim, Eduardo
José Farah será reeleito hoje para
mais quatro anos de mandato
presidencial na FPF (Federação
Paulista de Futebol).
Todos os clubes e ligas do Estado estão convidados a participar
do evento, às 14h30, na sede da
entidade. Evento porque não haverá disputa, apenas aclamação
do dirigente, que está há 14 anos
no comando da entidade.
Nenhuma outra chapa foi inscrita para concorrer na eleição.
Único opositor de Farah a tentar
articular uma candidatura para
confrontá-lo, Milton Cardoso disse que esbarrou no que chamou
de "medo" dos times da A-1.
"Todos eles têm medo do Farah.
Medo não sei do quê, mas o fato é
que têm. Consegui 35 assinaturas
de adesão, mas, como não deu
certo, já me comprometi a queimar o documento com o nome
das pessoas que me apoiariam. Já
pensou se o Farah descobre quem
tentou colocá-lo para fora? Eles
me pediram e vou cumprir o
acordo. Ninguém vai saber de nada", afirmou Cardoso, ex-presidente da Ferroviária, clube da Série da A-3.
O "medo" a que se referiu Cardoso o tirou da disputa pela presidência da federação.
Diz o estatuto da FPF que para
protocolar uma chapa, o interessado precisa arrematar o apoio de
pelo menos 18 times, nove dos
quais da Série A -sendo cinco times da primeira divisão, dois da
segunda e dois da terceira.
Cardoso fracassou porque só
conseguiu o apoio de três equipes
da elite do futebol paulista.
O que faltou na chapa do ex-dirigente da Ferroviária, sobrou na
de Farah. O presidente da FPF, a
quem é dada a faculdade de marcar as eleições da entidade, inscreveu-se com o apoio de mais de
cem clubes e ligas.
Como Farah se inscreveu primeiro, ele inviabilizou o apoio de
alguns clubes a Cardoso, que declarou haver coincidência de assinaturas na sua chapa e na do dirigente -diz o parágrafo quarto do
artigo 6 do estatuto, que um clube
pode apoiar mais do que um candidato, mas a sua assinatura só
valerá para a chapa que primeiro
for protocolada.
Com dois meses e vinte e dois
dias de atraso, Farah também presidirá o pleito que o levará ao
quarto mandato à frente da FPF.
Como a Folha revelou, o estatuto da entidade obriga que a sucessão presidencial seja decidida até
180 dias antes do final do mandato em exercício. Isso significa que
a Assembléia Geral deveria ter escolhido o novo presidente da entidade antes de 8 de julho.
Na época, Farah não era nem
pretendia ser candidato a um novo mandato na FPF.
O novo calendário do futebol
brasileiro ainda não havia sido
homologado, e o dirigente se preparava para deixar a federação
nas mãos de um de seus homens
de confiança: seu vice, Reynaldo
Carneiro Bastos; ou o presidente
do Tribunal de Justiça Desportiva
de SP, Marco Polo Del Nero. O
projeto de Farah era assumir a Liga Nacional.
Mas a candidatura dos dois foi
abortada depois de Globo, CBF e
Clube dos 13 decidirem pela abolição dos torneios regionais e esmagamento dos estaduais.
Enfraquecido, Farah, que acumula também a presidência da Liga Rio-SP, avaliou e decidiu ficar
no comando da federação.
Reaproximou-se dos clubes do
interior, abriu a possibilidade de
uma "virada de mesa" que beneficiará os times das divisões inferiores no Paulista-03 e marcou a eleição em tempo recorde - publicou o edital de convocação para a
Assembléia Geral na última terça,
24, e estipulou como prazo final
para inscrição das chapas sexta,
27, às 17h.
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