São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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VÔLEI

O início da batalha

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Uma estréia com vitória por 3 sets a 0. Está certo que o Brasil era o favorito diante da Venezuela, mas o primeiro jogo de um Mundial sempre é complicado. Além do adversário, é preciso dominar a tensão, a ansiedade.
Hoje, a batalha será mais árdua. O jogo contra os EUA vale o primeiro lugar da chave.
O time norte-americano ficou meio escondido nesta temporada. Não disputou a Liga Mundial e ganhou um grande reforço: o retorno do levantador Lloy Ball.
Outro destaque é o técnico Doug Beal, um estrategista que tem nas mãos uma equipe muito disciplinada taticamente. Uma combinação perigosa.
Mas o Brasil é superior tecnicamente. O que preocupa são as contusões que atingiram quatro titulares nas duas últimas semanas: Giba, Nalbert, André e Maurício. São muitas contusões para um Mundial, principal torneio do ano. E, para chegar ao ouro, o time precisa estar em plena forma.
Já escolhi meu segundo time no Mundial: a Argentina. A equipe parece ter vocação para o drama. Sofre de uma irregularidade crônica. É capaz de superar favoritos e ficar em quarto lugar nos Jogos de Sydney, como pode perder de rivais frágeis, como na Liga, quando caiu diante de Portugal.
Quem viu a estréia sábado, contra a Austrália, pôde confirmar: o adversário se agiganta, a torcida sofre, acompanha o time com um canto que parece não ter fim e o que era para ser um jogo tranquilo vira uma epopéia. A vitória argentina foi por 3 sets 1. Nos dois últimos sets, o placar superou os 30 pontos.
Apesar desse histórico de sofrimento nos jogos, a Argentina também não perde a soberba. No local onde o time está concentrado, havia um cartaz com uma contagem regressiva para a estréia. A frase era a seguinte: "Faltam (....) dias para começar a ser campeão do mundo".
Nada é tão impossível para um time intermediário, mas que joga movido pela pressão de uma torcida apaixonada e conta com jogadores que atuam com o coração na boca. Mais: a Argentina tem um craque, o atacante Marcos Milinkovic. Quando ele acerta a mão no saque e no ataque, é meio caminho para a vitória.
O time vive um momento especial que pode unir mais o grupo. Tem pelo menos dois integrantes dando adeus à seleção. Um é o levantador Javier Weber, 36, que se dedicará apenas ao comando da equipe da Unisul. O outro é o técnico Carlos Getzelevich, que entrega o cargo depois do Mundial.
Mas o grande personagem do time é mesmo Hugo Conte. Dono da camisa sete da seleção argentina, ele contraria a lógica do esporte moderno que privilegia cada vez mais os muito jovens. Aos 39 anos, é titular da Argentina em uma posição que exige muito vigor físico: atacante.
Para ter uma idéia do que isso significa, Conte já fazia parte da seleção no Mundial de 82, que também aconteceu na Argentina. Ou seja, há 20 anos ele consegue jogar um vôlei de alto padrão e participou das grandes conquistas de seu país: o bronze no Mundial de 82 e na Olimpíada de 88.
Neste Mundial, Conte está jogando como central, mas faz também algumas passagens pela ponta de rede. Desse período todo no vôlei, ele manteve inalterado o cavanhaque, o bigode e o prazer de jogar. Um detalhe: ele ainda não anunciou se vai deixar a seleção depois do Mundial.

Em alta
A seleção brasileira masculina está com a cotação em alta para a conquista do título mundial. Em uma pesquisa feita por um diário esportivo argentino com 42 jornalistas especializados em vôlei, o Brasil foi apontado como favorito por 41% dos entrevistados. A seleção italiana, vencedora das últimas três edições do Mundial, teve apenas 13% dos votos.

Reinado
O presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), o mexicano Rubén Acosta, foi reeleito para mais quatro anos de mandato no comando da entidade. Isso significa que ele ficará no cargo por 22 anos, já que assumiu a presidência em 1984. Quem não fica muito atrás de Acosta é o presidente da FPV (Federação Paulista de Vôlei), Renato Pera. Somados o primeiro mandato -de 1978 a 1986- e o segundo -que começou em 1990 e permanece até hoje-, já são 20 anos no poder.

E-mail cidasan@uol.com.br



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