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VÔLEI
O início da batalha
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Uma estréia com vitória por 3
sets a 0. Está certo que o Brasil era o favorito diante da Venezuela, mas o primeiro jogo de um
Mundial sempre é complicado.
Além do adversário, é preciso dominar a tensão, a ansiedade.
Hoje, a batalha será mais árdua. O jogo contra os EUA vale o
primeiro lugar da chave.
O time norte-americano ficou
meio escondido nesta temporada.
Não disputou a Liga Mundial e
ganhou um grande reforço: o retorno do levantador Lloy Ball.
Outro destaque é o técnico
Doug Beal, um estrategista que
tem nas mãos uma equipe muito
disciplinada taticamente. Uma
combinação perigosa.
Mas o Brasil é superior tecnicamente. O que preocupa são as
contusões que atingiram quatro
titulares nas duas últimas semanas: Giba, Nalbert, André e Maurício. São muitas contusões para
um Mundial, principal torneio do
ano. E, para chegar ao ouro, o time precisa estar em plena forma.
Já escolhi meu segundo time no
Mundial: a Argentina. A equipe
parece ter vocação para o drama.
Sofre de uma irregularidade crônica. É capaz de superar favoritos
e ficar em quarto lugar nos Jogos
de Sydney, como pode perder de
rivais frágeis, como na Liga,
quando caiu diante de Portugal.
Quem viu a estréia sábado, contra a Austrália, pôde confirmar: o
adversário se agiganta, a torcida
sofre, acompanha o time com um
canto que parece não ter fim e o
que era para ser um jogo tranquilo vira uma epopéia. A vitória argentina foi por 3 sets 1. Nos dois
últimos sets, o placar superou os
30 pontos.
Apesar desse histórico de sofrimento nos jogos, a Argentina
também não perde a soberba. No
local onde o time está concentrado, havia um cartaz com uma
contagem regressiva para a estréia. A frase era a seguinte: "Faltam (....) dias para começar a ser
campeão do mundo".
Nada é tão impossível para um
time intermediário, mas que joga
movido pela pressão de uma torcida apaixonada e conta com jogadores que atuam com o coração na boca. Mais: a Argentina
tem um craque, o atacante Marcos Milinkovic. Quando ele acerta
a mão no saque e no ataque, é
meio caminho para a vitória.
O time vive um momento especial que pode unir mais o grupo.
Tem pelo menos dois integrantes
dando adeus à seleção. Um é o levantador Javier Weber, 36, que se
dedicará apenas ao comando da
equipe da Unisul. O outro é o técnico Carlos Getzelevich, que entrega o cargo depois do Mundial.
Mas o grande personagem do time é mesmo Hugo Conte. Dono
da camisa sete da seleção argentina, ele contraria a lógica do esporte moderno que privilegia cada vez mais os muito jovens. Aos
39 anos, é titular da Argentina em
uma posição que exige muito vigor físico: atacante.
Para ter uma idéia do que isso
significa, Conte já fazia parte da
seleção no Mundial de 82, que
também aconteceu na Argentina.
Ou seja, há 20 anos ele consegue
jogar um vôlei de alto padrão e
participou das grandes conquistas de seu país: o bronze no Mundial de 82 e na Olimpíada de 88.
Neste Mundial, Conte está jogando como central, mas faz também algumas passagens pela ponta de rede. Desse período todo no
vôlei, ele manteve inalterado o
cavanhaque, o bigode e o prazer
de jogar. Um detalhe: ele ainda
não anunciou se vai deixar a seleção depois do Mundial.
Em alta
A seleção brasileira masculina está com a cotação em alta para a
conquista do título mundial. Em uma pesquisa feita por um diário
esportivo argentino com 42 jornalistas especializados em vôlei, o
Brasil foi apontado como favorito por 41% dos entrevistados. A seleção italiana, vencedora das últimas três edições do Mundial, teve
apenas 13% dos votos.
Reinado
O presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), o mexicano Rubén Acosta, foi reeleito para mais quatro anos de mandato
no comando da entidade. Isso significa que ele ficará no cargo por
22 anos, já que assumiu a presidência em 1984. Quem não fica muito atrás de Acosta é o presidente da FPV (Federação Paulista de
Vôlei), Renato Pera. Somados o primeiro mandato -de 1978 a
1986- e o segundo -que começou em 1990 e permanece até hoje-, já são 20 anos no poder.
E-mail cidasan@uol.com.br
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