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Odepa já fala em realizar testes para a nova droga em urinas coletadas na República Dominicana
"Recall" de doping poderá chegar ao Pan-Americano
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O escândalo de doping deve
chegar ao Pan de Santo Domingo.
Depois do anúncio de que o
atletismo e a natação irão promover o "recall" das amostras de urina de seus Mundiais, a Odepa
(Organização Desportiva Pan-Americana) pode seguir o mesmo
caminho para seu maior evento.
A proposta de refazer os testes
antidoping será discutida durante
reunião do Comitê Executivo da
entidade, que será na próxima
terça-feira, na Cidade do México.
As 922 amostras coletadas durante a competição na República
Dominicana, disputada de 1º a 17
de agosto, ainda estão armazenadas no laboratório de Montréal
(Canadá), que fez os controles.
"A Odepa estava esperando outras entidades esportivas se manifestarem. Mas o caminho deve ser
retestar [sic]", disse Eduardo de
Rose, médico-chefe da entidade.
O Comitê Executivo conta com
19 membros, entre os quais Carlos
Arthur Nuzman, presidente do
COB. A comissão tem o poder de
decidir fazer o "recall" antidoping
ou não. "O comitê também pode
requerer uma votação entre os
países-membros", disse Reynaldo
Gonzalez, diretor da Odepa.
A possibilidade de submeter
amostras de urina a novas análises surgiu após a divulgação de
vários casos de doping no atletismo. Há duas semanas, a Usada, a
agência antidoping dos EUA,
anunciou que havia descoberto o
THG (tetraidrogestrinona), um
novo esteróide anabólico, grupo
de substâncias que aumenta a força e a potência muscular.
A droga, detectada pela primeira vez pelo laboratório da UCLA
(Universidade da Califórnia em
Los Angeles), que é credenciado
pelo COI, surgiu como uma bomba no mundo esportivo dos EUA.
Até agora, quatro exames positivos já são conhecidos: o britânico Dwain Chambers e os norte-americanos Kevin Toth, Regina
Jacobs e John McEwen.
A Iaaf, entidade que controla o
atletismo, foi a primeira a anunciar que refaria os testes de seu
Mundial, realizado em Paris, há
dois meses. A Federação Internacional de Natação seguiu o exemplo e divulgou anteontem a mesma iniciativa para o Mundial de
Barcelona, encerrado em agosto.
A nova droga também entrou
ontem na lista de substâncias banidas por duas ligas dos EUA: de
beisebol (MLB) e futebol (MLS).
Para a proposta chegar ao Pan-Americano, contudo, é necessário
uma decisão política. "Isso implica custos", afirmou De Rose.
Durante o Pan, houve apenas
quatro casos de doping -em
Winnipeg-99, haviam sido nove-, todos para drogas leves.
Foram pegos o velocista norte-americano Mickey Grimes (efedrina), o remador argentino Ulf
Lienhard (cocaína), a meio-fundista surinamesa Letitia Vriesde
(cafeína) e o ciclista antiguano
Charles Fabian (efedrina).
O caso de Grimes, aliás, também deve ser analisado no encontro da Odepa. O Brasil, que pode
conseguir mais um ouro, está diretamente interessado no caso.
O velocista foi flagrado no antidoping após vencer os 100 m. Três
dias depois, ajudou o time dos
EUA a ganhar o revezamento 4 x
100 m -os brasileiros ficaram
com a prata. Na ocasião, Grimes
não foi submetido ao teste.
Segundo as regras seguidas pela
Iaaf, porém, o atleta pego no doping "receberá um comunicado
oficial e será desclassificado da
competição em que a amostra foi
coletada". Por isso, os EUA podem perder mais uma medalha.
Apesar disso, a Odepa adiou a
decisão, alegando que esperava
uma deliberação da Iaaf. O caso
poderia ter sido encerrado no mês
passado, mas a organização acabou adiando um encontro do Comitê Executivo que seria no Rio.
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