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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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Odepa já fala em realizar testes para a nova droga em urinas coletadas na República Dominicana

"Recall" de doping poderá chegar ao Pan-Americano

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O escândalo de doping deve chegar ao Pan de Santo Domingo.
Depois do anúncio de que o atletismo e a natação irão promover o "recall" das amostras de urina de seus Mundiais, a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) pode seguir o mesmo caminho para seu maior evento.
A proposta de refazer os testes antidoping será discutida durante reunião do Comitê Executivo da entidade, que será na próxima terça-feira, na Cidade do México.
As 922 amostras coletadas durante a competição na República Dominicana, disputada de 1º a 17 de agosto, ainda estão armazenadas no laboratório de Montréal (Canadá), que fez os controles.
"A Odepa estava esperando outras entidades esportivas se manifestarem. Mas o caminho deve ser retestar [sic]", disse Eduardo de Rose, médico-chefe da entidade.
O Comitê Executivo conta com 19 membros, entre os quais Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. A comissão tem o poder de decidir fazer o "recall" antidoping ou não. "O comitê também pode requerer uma votação entre os países-membros", disse Reynaldo Gonzalez, diretor da Odepa.
A possibilidade de submeter amostras de urina a novas análises surgiu após a divulgação de vários casos de doping no atletismo. Há duas semanas, a Usada, a agência antidoping dos EUA, anunciou que havia descoberto o THG (tetraidrogestrinona), um novo esteróide anabólico, grupo de substâncias que aumenta a força e a potência muscular.
A droga, detectada pela primeira vez pelo laboratório da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), que é credenciado pelo COI, surgiu como uma bomba no mundo esportivo dos EUA.
Até agora, quatro exames positivos já são conhecidos: o britânico Dwain Chambers e os norte-americanos Kevin Toth, Regina Jacobs e John McEwen.
A Iaaf, entidade que controla o atletismo, foi a primeira a anunciar que refaria os testes de seu Mundial, realizado em Paris, há dois meses. A Federação Internacional de Natação seguiu o exemplo e divulgou anteontem a mesma iniciativa para o Mundial de Barcelona, encerrado em agosto.
A nova droga também entrou ontem na lista de substâncias banidas por duas ligas dos EUA: de beisebol (MLB) e futebol (MLS).
Para a proposta chegar ao Pan-Americano, contudo, é necessário uma decisão política. "Isso implica custos", afirmou De Rose.
Durante o Pan, houve apenas quatro casos de doping -em Winnipeg-99, haviam sido nove-, todos para drogas leves.
Foram pegos o velocista norte-americano Mickey Grimes (efedrina), o remador argentino Ulf Lienhard (cocaína), a meio-fundista surinamesa Letitia Vriesde (cafeína) e o ciclista antiguano Charles Fabian (efedrina).
O caso de Grimes, aliás, também deve ser analisado no encontro da Odepa. O Brasil, que pode conseguir mais um ouro, está diretamente interessado no caso.
O velocista foi flagrado no antidoping após vencer os 100 m. Três dias depois, ajudou o time dos EUA a ganhar o revezamento 4 x 100 m -os brasileiros ficaram com a prata. Na ocasião, Grimes não foi submetido ao teste.
Segundo as regras seguidas pela Iaaf, porém, o atleta pego no doping "receberá um comunicado oficial e será desclassificado da competição em que a amostra foi coletada". Por isso, os EUA podem perder mais uma medalha.
Apesar disso, a Odepa adiou a decisão, alegando que esperava uma deliberação da Iaaf. O caso poderia ter sido encerrado no mês passado, mas a organização acabou adiando um encontro do Comitê Executivo que seria no Rio.


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