São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Acordo com empresa sediada em paraíso fiscal, selado ontem em São Paulo, promete injetar US$ 35 milhões no clube

Corinthians acerta com a MSI até 2014

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A Media Sports Investments (MSI) é a nova parceira do Corinthians. O acordo de dez anos, que injetará imediatamente US$ 35 milhões no clube, foi fechado ontem às 19h20 em escritório de advocacia na zona sul de São Paulo.
Após mais de dois meses de tratativa, o corintiano Alberto Dualib e o iraniano Kia Joorabchian apertaram as mãos após a leitura dos itens do contrato, diante de membros do CORI (Conselho de Orientação do clube), de advogados das partes e do empresário Renato Duprat, da MSI.
Oposição ao negócio, Antonio Roque Citadini, braço direito de Dualib até o início das conversações com a MSI, não participou do encontro -a parceria deve enfraquecer o vice de futebol.
O documento será assinado pelo presidente na quinta ou sexta-feira, depois de receber aval dos conselheiros. O próximo passo é a formação da Corinthians-MSI, que gerenciará o futebol até 2014. Cada uma das partes terá dois representantes na nova diretoria. A MSI terá 51% das cotas, e o Corinthians, 49%. Isso significa que, se houver empate entre os quatro diretores, a palavra final é da MSI.
Pelo novo contrato, a MSI se compromete a manter uma "equipe de primeira linha" durante a co-gestão -não há menção específica a atletas de seleção. De imediato, a nova parceira se comprometeu a investir US$ 15 milhões para reforçar o time.
"Finalmente chegamos a um ponto comum. Agora vamos fazer nosso trabalho real, que é transformar o Corinthians no time a ser batido no Brasil", disse Joorabchian à Folha.
O iraniano disse já ter contatado atletas de "primeira linha", mas preferiu não revelar nomes.
A cada ano, as duas partes dividirão o lucro do futebol corintiano exatamente na porcentagem de cada uma das partes na Corinthians-MSI -51% para a empresa offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, e 49% para o clube. Em caso de prejuízo ao fim do exercício, a MSI se compromete a arcar com 100% do déficit.
Os US$ 20 milhões iniciais, garantidos por meio de carta de crédito, serão para pagar dívidas. Todas as receitas do Corinthians vão para a Corinthians-MSI. As negociações se arrastaram por dois motivos: construção de estádio e multa em caso de rescisão.
Pelo contrato, a MSI terá prioridade para construir uma arena em São Paulo, mas não será obrigada a erguer o estádio. Alberto Dualib era favorável à construção, mas esbarrava no ex-presidente Wadih Helu. O cacique corintiano preferia que o dinheiro fosse gasto exclusivamente no futebol.
Corinthians e MSI chegaram a um denominador comum também em relação à multa contratual. Em caso de desistência, a parte que pedir o divórcio terá que desembolsar US$ 25 milhões.
O foro para dissipar dúvidas e litígios no contrato será São Paulo. O pedido foi feito pelo Corinthians, que lutou por seus direitos contra o HMTF em Nova York.
A MSI formará sede em São Paulo e deve começar a operar oficialmente a partir da segunda quinzena de novembro. A Folha procurou Dualib ontem, no início da noite, mas não o localizou.
A MSI espantou ao menos duas empresas especializadas em auditorias e um escritório de advocacia em São Paulo por ser considerada suspeita. Opositores temem envolvimento do russo Boris Berezovski, acusado de crimes como assassinato, lavagem de dinheiro e ligação com a máfia tchetchena, na parceira, o que a MSI nega.


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