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FUTEBOL
Acordo com empresa sediada em paraíso fiscal, selado ontem em São Paulo, promete injetar US$ 35 milhões no clube
Corinthians acerta com a MSI até 2014
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A Media Sports Investments
(MSI) é a nova parceira do Corinthians. O acordo de dez anos, que
injetará imediatamente US$ 35
milhões no clube, foi fechado ontem às 19h20 em escritório de advocacia na zona sul de São Paulo.
Após mais de dois meses de tratativa, o corintiano Alberto Dualib e o iraniano Kia Joorabchian
apertaram as mãos após a leitura
dos itens do contrato, diante de
membros do CORI (Conselho de
Orientação do clube), de advogados das partes e do empresário
Renato Duprat, da MSI.
Oposição ao negócio, Antonio
Roque Citadini, braço direito de
Dualib até o início das conversações com a MSI, não participou
do encontro -a parceria deve enfraquecer o vice de futebol.
O documento será assinado pelo presidente na quinta ou sexta-feira, depois de receber aval dos
conselheiros. O próximo passo é a
formação da Corinthians-MSI,
que gerenciará o futebol até 2014.
Cada uma das partes terá dois representantes na nova diretoria. A
MSI terá 51% das cotas, e o Corinthians, 49%. Isso significa que, se
houver empate entre os quatro diretores, a palavra final é da MSI.
Pelo novo contrato, a MSI se
compromete a manter uma
"equipe de primeira linha" durante a co-gestão -não há menção específica a atletas de seleção.
De imediato, a nova parceira se
comprometeu a investir US$ 15
milhões para reforçar o time.
"Finalmente chegamos a um
ponto comum. Agora vamos fazer nosso trabalho real, que é
transformar o Corinthians no time a ser batido no Brasil", disse
Joorabchian à Folha.
O iraniano disse já ter contatado
atletas de "primeira linha", mas
preferiu não revelar nomes.
A cada ano, as duas partes dividirão o lucro do futebol corintiano exatamente na porcentagem
de cada uma das partes na Corinthians-MSI -51% para a empresa offshore com sede nas Ilhas
Virgens Britânicas, e 49% para o
clube. Em caso de prejuízo ao fim
do exercício, a MSI se compromete a arcar com 100% do déficit.
Os US$ 20 milhões iniciais, garantidos por meio de carta de crédito, serão para pagar dívidas. Todas as receitas do Corinthians vão
para a Corinthians-MSI. As negociações se arrastaram por dois
motivos: construção de estádio e
multa em caso de rescisão.
Pelo contrato, a MSI terá prioridade para construir uma arena
em São Paulo, mas não será obrigada a erguer o estádio. Alberto
Dualib era favorável à construção,
mas esbarrava no ex-presidente
Wadih Helu. O cacique corintiano preferia que o dinheiro fosse
gasto exclusivamente no futebol.
Corinthians e MSI chegaram a
um denominador comum também em relação à multa contratual. Em caso de desistência, a
parte que pedir o divórcio terá
que desembolsar US$ 25 milhões.
O foro para dissipar dúvidas e litígios no contrato será São Paulo.
O pedido foi feito pelo Corinthians, que lutou por seus direitos
contra o HMTF em Nova York.
A MSI formará sede em São
Paulo e deve começar a operar
oficialmente a partir da segunda
quinzena de novembro. A Folha
procurou Dualib ontem, no início
da noite, mas não o localizou.
A MSI espantou ao menos duas
empresas especializadas em auditorias e um escritório de advocacia em São Paulo por ser considerada suspeita. Opositores temem
envolvimento do russo Boris Berezovski, acusado de crimes como
assassinato, lavagem de dinheiro
e ligação com a máfia tchetchena,
na parceira, o que a MSI nega.
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