São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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JUCA KFOURI

O pobre brilhante colunista


Seus filmes são ótimos e suas colunas sobre futebol também. Mas Giorgetti ainda não sabe o que é torcer


UGO GIORGETTI é brilhante. Como diretor de cinema, sua atividade principal, e como colunista de futebol. Todos os domingos, aliás, me humilha com sua sensibilidade no concorrente "Estado de S.Paulo".
Menos mal que, aqui, também tem o Tostão (que acertou de novo ao anular seu voto para presidente) aos domingos, e, daí, dá empate.
Mas, ontem, Giorgetti, diretor do excepcional "Sábado" e dos "Boleiros", vacilou. Ele contou a história de um vizinho que está com sérios problemas com o filho que ensinou a torcer pelo mesmo time. Parece que o menino surtou nos últimos dias, depois de ver sua equipe perder para o Vasco e para o Corinthians. Está até em tratamento psiquiátrico.
Pelo menos foi isso que entendi e, na verdade, o texto de Giorgetti é bastante claro.
Pobre amigo colunista.
Ele conclui que teve muita sorte porque também fez de seu filho um torcedor do mesmo time do pai, o que é comum.
Mas seu menino, ao contrário do rebento do vizinho, cresceu torcendo por um agremiação que tinha "Evair, Zinho, Roberto Carlos, Cafu, Djalminha, Rivaldo, Edmundo (aquele), César Sampaio, Júnior, Antônio Carlos, Veloso, etc, etc", escreveu.
De fato, um timaço, ou vários, como certamente concordará outro mestre, Clóvis Rossi. Só que não se pode mesmo exigir de um diretor de cinema excepcional e de um raro colunista de futebol que seja, além do mais, bom educador. Seria covardia. Porque talvez este seja um privilégio dos que não têm o menor talento para dirigir um filme e escrevam, no máximo, colunas sofríveis sobre futebol.
A modéstia não me impede de dizer, fique claro, que é de mim mesmo que estou falando. Porque meus quatro filhos seguiram a mesma preferência clubística do pai. E dentro da maior democracia, sem nenhuma forçada de barra, que não sou disso. Mas aprenderam desde cedo que ganhar ou perder não faz a menor diferença.
Que torcer pelo que time que livremente escolheram "é ir além de ser ou não o primeiro", como já compôs o corintianíssimo Toquinho, parceiro de Vinícius, como Casagrande foi de Sócrates.
Sim, é verdade que três de meus quatro filhos são desse tempo, mas o quarto não, é mais da época de Edílson e Luizão. Nem por isso algum deles, apesar de uma certa tristeza, entra em crise ao ver Nádson e Rafael Moura...

Coisa séria
Agora falando sério, como diria Chico Buarque (que votou mal ontem), ou mais sério ainda, o Campeonato Brasileiro já tem mesmo seu campeão. Aliás, tetracampeão.
E não é o Inter, embora pudesse.
É o São Paulo e ponto final.
Ganhou do Figueirense com a autoridade dos times campeões, mesmo que não venha a ser daqueles inesquecíveis, porque faz tempo que o futebol brasileiro não tem um clube com time imortal, por motivos mais que sabidos.
Mas Rogério Ceni é Rogério Ceni, Ilsinho tem tudo para ser melhor que Cicinho e Miranda, se não é Lugano, cumpre muito bem seu papel, com André Dias e Fabão. Júnior dispensa apresentação.
Josué e Mineiro formam a melhor dupla de volantes do país, com Danilo e Souza, que resolveu mostrar um talento insuspeito na reta final do Brasileirão.
Finalmente, na frente, se Aloísio e Leandro não são atacantes mirabolantes, são, no mínimo, capazes de dar conta do recado.
E Muricy Ramalho se firma como mais um técnico vencedor. Sem marketing, sem demagogia e sem querer aparentar o que não é.

blogdojuca@uol.com.br


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