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Maradona assume sob suspeita
Inexperiência e temperamento difícil são apontados como obstáculos para ídolo dirigir Argentina
Ex-camisa 10, que terá o auxílio de Bilardo, treinador campeão do mundo em 86, rechaça jogar como Dunga, que, diz, "dava botinadas"
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Se o Maradona jogador é
"Deus" na Argentina, o Maradona novo treinador da seleção
local é apenas mais um mortal
que deve enfrentar as críticas
de especialistas e torcedores
que o têm como ídolo.
Diego Armando Maradona
deve ser oficializado como novo técnico do time de seu país
hoje, dia em que completa 48
anos, mas encontra bastante
resistência desde anteontem,
quando ele mesmo anunciou
que assumirá o cargo.
Em uma votação no site do
jornal "Clarín", 73,9% dos consultados afirmaram que não
concordavam com a designação do ex-jogador, enquanto a
decisão foi considerada "errada" por 72,64% dos leitores do
jornal "La Nación" e "questionável" por outros 11,31%.
A falta de experiência é uma
das principais críticas à opção
por Maradona, já que apresentou maus resultados nas duas
oportunidades que teve como
técnico -dirigiu Mandiyú e Racing. Das 23 partidas em que
atuou como treinador, ganhou
três, empatou 12 e perdeu oito.
Mas Maradona debochou das
críticas e de possíveis comparações com o técnico da seleção
brasileira, Dunga, que tem sido
bastante contestado, especialmente nos últimos meses.
"Acho engraçado que digam
que não tenho experiência. Pode ser, mas eu tenho Carlos Bilardo me acompanhando e tenho mais de 20 anos na seleção", disse o craque ontem, em
referência a Bilardo, técnico da
seleção campeã do mundo em
86, que será seu manager.
"Se vou jogar como Dunga?
Não, eu não jogo como Dunga.
Dunga dava botinadas, e eu me
esquivava", falou Maradona.
Outras críticas ao ex-jogador
são relacionadas ao caráter imprevisível e pouco estável do
ídolo, que foi pego no doping na
Copa de 1994 e enfrentou problemas para se livrar do vício de
drogas, teve doenças ligadas ao
consumo de álcool e obesidade.
"Ele terá que pensar mais
com a cabeça e menos com o
coração. Conhecendo-o, sei
que vai ser difícil", disse Tevez,
do Manchester United, um dos
queridinhos do novo treinador.
Se Maradona pode perder a
aura de "mito", a responsabilidade é do presidente da AFA, a
federação de futebol do país,
Júlio Grondona. "Desde 79, eu
queria que Maradona fosse técnico da seleção", disse ontem o
dirigente a uma rádio local.
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