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Sob suspeita, Fifa mantém eleição dupla
COPAS-2018 E 2022
Blatter admite erro em sistema, mas não o altera
VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE
Apesar da tentativa de
venda de votos e de suspeitas
de acordos entre países, a Fifa decidiu não alterar nem
adiar a decisão sobre as sedes das Copas de 2018 e 2022.
O resultado será conhecido
no dia 2 de dezembro.
"Essa não é uma situação
confortável para o presidente
da Fifa. Mas nós estamos a
cinco semanas da decisão e
não vamos mudar nada", informou o presidente da entidade, Joseph Blatter.
A situação desconfortável
foi criada com a revelação pelo jornal britânico "The Sunday Times" de que dois dos
24 membros do Comitê Executivo da Fifa (responsável
pela escolha das sedes)
-Amos Adamu e Reynaldo
Temarii- negociavam votos.
Os dois foram suspensos
pelo Comitê de Ética da Fifa,
que conduz uma investigação sobre o caso. No dia 17, o
comitê decide o futuro dos
dois: expulsão ou reintegração aos quadros da entidade.
Se forem expulsos, a decisão sobre as Copas ficará nas
mãos de 22 homens, que votarão de forma secreta em
turnos seguidos até uma cidade obter a maioria. Se houver empate, Blatter decide.
Primeiro votarão na sede
de 2018. Concorrem Inglaterra, Rússia e consórcios criados por Portugal e Espanha e
por Holanda e Bélgica.
Depois, da mesma maneira, será escolhida a sede de
2022. Concorrem a Austrália,
o Japão, a Coreia do Sul, o
Qatar e os Estados Unidos.
As duas eleições foram
mantidas no mesmo dia,
apesar de o presidente da Fifa ter admitido o erro de juntá-las. "Eu já disse que assumo a responsabilidade e eu
acho que não foi a forma certa de se fazer", afirmou.
A votação dupla aumentou o poder de Blatter, já que,
pela regra anterior, a escolha
do Mundial de 2022 seria daqui a cinco anos, quando cartolas da Fifa como o próprio
presidente já podem ter saído
do Comitê Executivo.
Além disso, a eleição conjunta torna mais prováveis
pactos eleitorais, vetados pelas regras das votações.
O Comitê de Ética da Fifa
investiga se há acordo de
Portugal e Espanha com o
Qatar. Um dos membros do
Comitê Executivo, Rafael Salgueiro, da Guatemala, disse
à agência EFE que, "pelo que
foi falado no comitê", "as
duas candidaturas não devem ter nenhum problema
de chegar à eleição".
Enquanto isso, Blatter se
mostrou impaciente em vários momentos da entrevista.
Ao ser questionado se, diante
das suspeitas, não cogitava
tornar a votação aberta, primeiro coçou a cabeça. Depois, disse para o jornalista
ser realista, que era óbvio
que a votação seria secreta.
Em outro momento, questionado sobre transparência
e punição mais severa de corruptos, disse que a Fifa já dispõe de "todos os instrumentos internos para lidar com
uma situação como essa". Ou
seja, rejeitou intervenção.
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