São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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Sob suspeita, Fifa mantém eleição dupla

COPAS-2018 E 2022
Blatter admite erro em sistema, mas não o altera

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

Apesar da tentativa de venda de votos e de suspeitas de acordos entre países, a Fifa decidiu não alterar nem adiar a decisão sobre as sedes das Copas de 2018 e 2022. O resultado será conhecido no dia 2 de dezembro.
"Essa não é uma situação confortável para o presidente da Fifa. Mas nós estamos a cinco semanas da decisão e não vamos mudar nada", informou o presidente da entidade, Joseph Blatter.
A situação desconfortável foi criada com a revelação pelo jornal britânico "The Sunday Times" de que dois dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa (responsável pela escolha das sedes) -Amos Adamu e Reynaldo Temarii- negociavam votos.
Os dois foram suspensos pelo Comitê de Ética da Fifa, que conduz uma investigação sobre o caso. No dia 17, o comitê decide o futuro dos dois: expulsão ou reintegração aos quadros da entidade.
Se forem expulsos, a decisão sobre as Copas ficará nas mãos de 22 homens, que votarão de forma secreta em turnos seguidos até uma cidade obter a maioria. Se houver empate, Blatter decide.
Primeiro votarão na sede de 2018. Concorrem Inglaterra, Rússia e consórcios criados por Portugal e Espanha e por Holanda e Bélgica.
Depois, da mesma maneira, será escolhida a sede de 2022. Concorrem a Austrália, o Japão, a Coreia do Sul, o Qatar e os Estados Unidos.
As duas eleições foram mantidas no mesmo dia, apesar de o presidente da Fifa ter admitido o erro de juntá-las. "Eu já disse que assumo a responsabilidade e eu acho que não foi a forma certa de se fazer", afirmou.
A votação dupla aumentou o poder de Blatter, já que, pela regra anterior, a escolha do Mundial de 2022 seria daqui a cinco anos, quando cartolas da Fifa como o próprio presidente já podem ter saído do Comitê Executivo.
Além disso, a eleição conjunta torna mais prováveis pactos eleitorais, vetados pelas regras das votações.
O Comitê de Ética da Fifa investiga se há acordo de Portugal e Espanha com o Qatar. Um dos membros do Comitê Executivo, Rafael Salgueiro, da Guatemala, disse à agência EFE que, "pelo que foi falado no comitê", "as duas candidaturas não devem ter nenhum problema de chegar à eleição".
Enquanto isso, Blatter se mostrou impaciente em vários momentos da entrevista. Ao ser questionado se, diante das suspeitas, não cogitava tornar a votação aberta, primeiro coçou a cabeça. Depois, disse para o jornalista ser realista, que era óbvio que a votação seria secreta.
Em outro momento, questionado sobre transparência e punição mais severa de corruptos, disse que a Fifa já dispõe de "todos os instrumentos internos para lidar com uma situação como essa". Ou seja, rejeitou intervenção.


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