São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

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Desconvocação mostra tratamento "vip' a clube

MARCELO DAMATO
da Reportagem Local

A desconvocação dos jogadores Felipe e Odvan do amistoso contra a Rússia mostra que, apesar do discurso de rebeldia, o Vasco continua a receber tratamento especial da Confederação Brasileira de Futebol.
Tanto pela Lei Pelé, como pelas regras internacionais da Fifa, o Vasco não poderia se negar a ceder seus jogadores.
Em dezembro de 1997, por exemplo, o volante Dunga desfalcou o Jubilo Iwata na decisão do Campeonato Japonês, para jogar pela seleção na Copa das Confederações, na Arábia Saudita.
Nos quatro anos em que o técnico Mario Zagallo esteve à frente da seleção, várias foram as vezes em que clubes (La Coruña, Barcelona, Milan, entre outros) tentaram impedir ou impediram que seus jogadores se apresentassem.
Em todas, exceto uma, a CBF manteve a convocação. Mesmo quando o jogador não se apresentou, ele não pôde atuar pelo clube.
Em agosto de 1996, o La Coruña não liberou a ida de Mauro Silva para a equipe que enfrentaria a Rússia e a Holanda. A CBF manteve a convocação do jogador, que não pôde atuar contra o Real Madrid. "Que isso sirva de lição", disse na época Zagallo.
Apesar de ter sido impedido de viajar pelo clube, o jogador foi criticado pelo técnico por não desafiar os espanhóis.
Em novembro daquele ano, Zagallo não acreditou na palavra de Mauro Silva, que dizia estar contundido, e exigiu que ele viajasse da Espanha para Curitiba, a fim de ser examinado pelo médico Lídio Toledo e liberado em seguida.
Em 1997, o Milan e o La Coruña se negaram a liberar Leonardo e Mauro Silva para um amistoso da seleção. Em represália, não puderam usar o jogador.
² Honduras
Das duas exceções a esse procedimento no período 1994-98, uma beneficiou o Vasco.
Para o amistoso contra Honduras, em março de 1995, em Goiânia, Zagallo chamou três vascaínos: o goleiro Carlos Germano, o lateral-direito Bruno Carvalho e o volante Leandro.
Já no aeroporto do Galeão, o técnico soube que os jogadores haviam sido impedidos de viajar pelo vice de futebol do Vasco, Eurico Miranda.
Para não ficar sem goleiro reserva, convocou Fábio Noronha, que coincidentemente estava no saguão, pronto para viajar com a seleção de juniores.
O Vasco só liberou os jogadores à noite, após atuarem pelo Campeonato Estadual. Zagallo aceitou Bruno e Leandro fora do prazo e só barrou Germano para não ficar com três goleiros.
A outra exceção foi a liberação do volante Ricardinho, do Cruzeiro, para que ele pudesse participar da decisão da Taça Libertadores da América no segundo semestre do ano passado.
Mas, nesse caso, o amistoso estava marcado para a própria semana da decisão e não para duas semanas antes, como agora.



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