São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

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JUCA KFOURI
Pão e vinho

O Corinthians joga amanhã contra o Vitória, na Bahia, e pode perder, como perdeu tantas vezes, com Marcelinho no time.
Mas não pode vencer, como venceu tantas vezes, com Marcelinho no time.
Se perder, no entanto, o culpado já está escolhido de antemão.
Se vencer, teria sido mais fácil com Marcelinho.
Dessa lógica simplista não se fugirá e não há discurso hierárquico que a faça diferente, que a modifique.
Um executivo regiamente pago deve resolver e não criar problemas.
Um técnico e um jogador de futebol, também.
Ao torcedor cabe avaliar quem tem razão e tomar partido -o que está na própria essência do torcer.
Não cabe ameaçar, embora o Metaleiro, presidente da extinta Gaviões da Fiel, ameace e fique impune -entre outras coisas porque o atento promotor Fernando Capez anda mais preocupado em fazer campanha eleitoral no programa do Leão, como fez na véspera do segundo turno em São Paulo, uma lástima.
Ao crítico vale ressalvar: se sem um centroavante de verdade já estava muito complicado para o Corinthians ir mais longe do que já foi neste Campeonato Brasileiro, sem Marcelinho é que não irá a lugar nenhum.
Por mais que o jogador tenha agido de maneira que nem ao jornalista cabe revelar, o que está em jogo não é a sua conduta extracampo, é a falta que faz dentro dele.
Que seja punido, pois, multado sim, mas só ele, não o time, o clube, a torcida.
E que Marcelinho pão e vinho aproveite o episódio para voltar a ser mais para pão do que para vinho, no sentido figurado -e não sei se me faço entender, mais para Santo Antônio, o protetor dos padeiros, do que para Baco.

Se Narciso acha feio o que não é espelho, mais feio ainda acha um gol de pênalti.

E Wanderley Luxemburgo, ultimamente tão rancoroso, acertou em cheio ao convocar Amoroso.
Que, diga-se, é mais jogador que Marcelinho.

Não adianta disfarçar: também os argentinos não estão dando a menor bola para a tal de Copa Mercosul.
Até o Boca Juniors, há muito tempo atrás de uma grande conquista internacional, prefere escalar seus reservas e deixar os titulares para o Campeonato Argentino.



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