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Nem perto do título Hakkinen consegue seduzir fã
do enviado a Suzuka
De onde estava, segurando uma
câmera fotográfica junto a outras
garotas, a adolescente Shinae Inowe, 14 anos, não conseguia tirar fotos de seu ídolo, David Coulthard.
Ele caminhava dos boxes para a
sala de entrevistas montada pela
McLaren em Suzuka. Um loiro
magro tapava o campo de visão
das garotas, que pediam, gesticulando, que se movesse.
O loiro magro era o finlandês Mika Hakkinen, o número um da
McLaren e o piloto com mais
chances de sagrar-se campeão da
F-1 neste fim-de-semana.
Informada da identidade de
Hakkinen, a jovem esboçou surpresa mas, segundos depois, voltou a gritar o nome de Coulthard.
Hakkinen é assim. Ninguém o
nota e, quando sua presença é percebida, não consegue causar grandes emoções.
Dá para descobrir as razões vendo-o conversar com a imprensa,
com amigos e com mecânicos.
Aos 30 anos, Hakkinen é a antítese do herói carismático, características visíveis em campeões como
Ayrton Senna e Alain Prost.
Ele encarna o estereótipo dos
nórdicos, frio e equilibrado. Hakkinen não ri, não demonstra nervosismo, não é simpático, não é
antipático, não é místico, não responde a perguntas que abordem
(ainda que de maneira longínqua)
aspectos de sua vida pessoal nem
fala mal de outros pilotos (também
não faz muitos elogios).
Uma repórter o perguntou se tinha amuletos ou se era místico.
"Não vejo muito sentido em ficar
carregando objetos sem função
nos bolsos", disse ele.
Outro repórter perguntou se, para se acalmar, ele fazia piadas ou
alguma brincadeira. "Para começar, eu não costumo ficar nervoso.
E não vejo motivo em ficar rindo e
falando coisas bobas como: olha,
eu vou entrar no carro; veja, vou
começar os treinos. Não consigo
ficar concentrado ao brincar."
Hobbies? "Nunca tive." Passatempos? "De vez em quando vou
ao cinema ou janto com amigos."
Um mecânico da equipe diz que
Hakkinen parece frio, mas que, no
fundo, é sensível. Se for verdade,
não deixa transparecer, nem quando provocado.
Questionado sobre como se sentia ao ouvir todos dizerem que Michael Schumacher, da Ferrari, é
um piloto muito melhor que ele,
respondeu, sem alterar a voz ou as
feições: "Não me altero. Quando
entrei na F-1, achava que podia ser
o melhor piloto. Hoje, acho que há
muitos outros pilotos velozes. Vários critérios definem um bom piloto. Estou entre os melhores."
Outro mecânico diz que Hakkinen ficou ainda mais sério depois
do acidente que sofreu em 95, na
pista de Adelaide, na Austrália, onde seu McLaren chocou-se com
uma barreira a 200 quilômetros
por hora. O episódio teria ressaltado ainda mais seu calculismo.
Hakkinen nasceu em Helsinque
e começou a correr de kart aos seis
anos de idade. Passou pela F-Ford
e pela F-3 até chegar à F-1, na temporada de 91, pela Lotus. Em 93, foi
contratado pela McLaren, transformando-se no segundo piloto de
Senna.
(MA)
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