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FUTEBOL
Técnico, que depõe hoje, recebeu depósitos de empresários em 30 contas
Ciranda bancária é trunfo
da CPI contra Luxemburgo
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Explicar de forma convincente o
porquê de alguns empresários ligados ao futebol terem depositado dinheiro em suas contas: essa
será uma das missões de Wanderley Luxemburgo em seu depoimento na CPI do Futebol, hoje.
Um dos membros da comissão
adiantou à Folha que já foram
identificados "mais de dez, cerca
de 15 depósitos de empresários
nas contas de Luxemburgo."
Outro fato a ser explorado é o de
o ex-técnico da seleção ter movimentado 30 contas correntes em
diferentes bancos nos últimos sete anos - período investigado
pela CPI do Senado.
Todos esses dados foram retirados dos vários documentos que a
CPI recebeu do Banco Central, do
Ministério da Fazenda e de juntas
comerciais e imobiliárias. São
mais de quinhentas páginas que
atestam sobre o patrimônio que o
técnico acumulou e o dinheiro
que ele movimentou desde 1993.
Segundo o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), presidente da CPI do
Futebol, as perguntas que serão
feitas a Luxemburgo hoje serão
baseadas muito mais nas revelações da quebra de sigilo bancário
e fiscal imposta ao treinador do
que nas denúncias feitas por sua
ex-assessora Renata Alves.
Michel Assef, um dos advogados de Luxemburgo, disse que seu
cliente não tem nada de novo para
contar, mas que irá depor de "livre e espontânea vontade".
Dias contestou Assef.
"Não faz parte da nossa estratégia adiantar o que temos, mas a
história dos R$ 400 mil (depósito
identificado em uma conta do
técnico no Bradesco), tão comentada, é muito pequena perto do
que será abordado", disse Dias.
"Aquela história que ele contou
no Cartão Verde (programa da
TV Cultura) é muito fantasiosa.
Que foi que ele fez com os R$ 400
mil? Guardou onde?", declarou o
senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da CPI no Senado.
Segundo Marcos Malucelli, um
dos advogados de Luxemburgo, o
dinheiro depositado em 9 de abril
de 1997, na conta de Luxemburgo
no Bradesco, é o mesmo que volta
a aparecer em um depósito de 30
de outubro do mesmo ano.
Althoff ainda afirmou ter sido
Luxemburgo convocado a depor
pela CPI, e não ter o treinador se
proposto a fazê-lo.
Mas as denúncias da ex-assessora também devem ter um papel
importante no depoimento (veja
quadro nesta página).
A intenção é tentar pegar o treinador em contradição, já que,
desde o depoimento de Renata
Alves, muitas das denúncias feitas
por ela já teriam sido apuradas.
"Precisamos saber a versão dele
sobre todos os fatos. Sobre a "embaixada" (casa na Barra da Tijuca, no Rio, onde, segundo a ex-assessora do técnico, ele se reunia
com empresários e dirigentes para negociar jogadores e resultados
de partidas), sobre sonegação fiscal e sobre evasão de divisas.
Também queremos saber se ele
tem contas no exterior e qual era a
relação dele com a Renata", disse
o senador Geraldo Cândido (PT-RJ), membro da CPI.
Para tanto, Althoff vai dividir os
assuntos das denúncias contra
Luxemburgo entre os 11 senadores que integram a comissão, que
só hoje saberão por qual tema estarão responsáveis.
"Estamos atuando na defensiva.
Não queremos que vaze nada antes do tempo", disse o relator.
Colaborou Fábio Victor, da Reportagem
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