São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2000

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AÇÃO
Vai fundo

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Quando um grupo de surfistas californianos engajados e apaixonados formou, há mais de dez anos, uma associação cujo único objetivo era lutar articuladamente pela preservação de praias, do oceano e das ondas, muita gente achou que aqueles jovens sonhadores jamais teriam voz para se fazer ouvir e nunca conseguiriam reunir armas suficientes para lutar de igual para igual com os grandes vilões da história do capitalismo moderno.
Hoje, a Surfrider Foundation é realidade no cenário político norte-americano e participa ativamente da vida na capital federal. Há pouco tempo, a Surfrider trouxe à tona o primeiro reef artificial do planeta, resultado de uma ação judicial vencida pela instituição contra uma gigante da distribuição de petróleo e destruição do ambiente.
No dia 17 de outubro, a organização conseguiu uma segunda e importante vitória.
O presidente Bill Clinton assinou a emenda constitucional, proposta pela Surfrider, que estabelece padrões de qualidade para a água das praias norte-americanas através de constante monitoramento, testes e notificações dos Estados ao governo federal.
A emenda leva o apropriado nome de B.E.A.C.H.- Beaches Environmental Awareness and Coastal Health (Consciência Ambiental das Praias e Proteção da Costa).
"No que diz respeito à conservação da qualidade das águas de nossas praias, essa é a legislação mais detalhadamente pensada já aprovada até hoje", disse Christopher Evans, diretor da Surfrider e um dos redatores do texto da emenda.
"Nós, surfistas, há muito somos a espécie indicadora e fiscalizadora da qualidade das águas, afinal, ela é nossa segunda pele. Já era hora de assumirmos nosso papel", completou.
A partir de agora, os frequentadores das praias de lá saberão exatamente onde estão entrando antes de partirem para um mergulho. Antes da B.E.A.C.H., o padrão de qualidade das águas das praias variava sensivelmente de Estado para Estado e muitos nem monitoravam suas praias.
Com a participação do governo federal, os Estados terão obrigatoriamente que seguir a norma e notificar as autoridades competentes em Washington de forma regular e documentada.
Porém mais importante do que a aprovação da emenda seja talvez o fato de um grupo de surfistas dedicados e apaixonados estar varrendo a capital federal norte-americana armado apenas com suas pranchas e com uma enorme paixão pelo esporte. Um exemplo a ser seguido por aqui.

Fundos artificiais costumam ser lembrados nos dias em que há ondulação, mas não ondas de qualidade para surfar.
Em São Sebastião, o prefeito Paulo Julião é simpatizante de um projeto que vem sendo desenvolvido pela USP e que pode virar realidade.
Baseado em estruturas vazadas, já usadas para fazendas aquáticas que contribuem com o ecossistema, o projeto depende do custeio do protótipo matemático, para, sonho dos surfistas, ser implantado em Boiçucanga.

Só tubos
Dezesseis dos maiores nomes do surfe mundial estarão em Fernando de Noronha de 7 a 12 de janeiro para o Red Bull Tube Ride. Gary Linden é o organizador, Clyde Aikau um dos juízes, Martin Potter, Derek Ho, Tom Curren, Carlos Burle e Picuruta, alguns dos surfistas que disputarão US$ 75 mil em prêmios.

Sem tubos
A reunião de final de ano da ASP, no Havaí, terá a árdua missão de ratificar a decisão de transferir de Pipeline para Trestles (EUA) a decisão do mundial a partir de 2001.

Kiteboard
A nona etapa do circuito mundial será entre 2 e 10 de dezembro na Barra. A modalidade, pouco conhecida no Brasil, combina prancha e um velame parecido com paraglider e é um dos esportes de prancha que mais cresce.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata


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