São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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CARLOS SARLI

O difícil acesso

Aumentou o número de novatos no WCT, mas a vida deles na elite não é nada fácil, como ficou claro em 2006

O Mundial de surfe, WCT, começou o ano marcado pela maior renovação da história no circuito. Onze atletas vindos do WQS, a divisão de acesso, chegaram motivados. Mas, com duas vitórias nas etapas de abertura na Austrália, o veterano Kelly Slater mostrou que a vida dos novatos não seria fácil.
A síndrome do primeiro ano é conhecida, e, até entre os que a superam e se mantêm na elite, a maioria passará anos sem vencer uma etapa, sem chances de disputar o título e, freqüentemente, mais preocupada em se manter entre os 27 que garantem vaga na temporada seguinte. Há exceções. Neste ano, a maior é o Bobby Martinez (EUA), que chega à última prova do ano em quarto no ranking, após duas vitórias expressivas: Teahupoo e Mundaka. Além dele, entre os estreantes, só Adriano "Mineirinho" de Souza e Shaun Cansdell obtiveram vaga para 2007.
O curioso é que até pouco tempo atrás havia uma invasão de atletas da elite nas provas da divisão de acesso, fato que não está ocorrendo e explica a renovação. E o número de estreantes neste ano será ainda maior: hoje só um dos 15 nomes do WQS que subirão em 2007 faz parte da elite. Muito diferente do circuito que já teve Slater -venceu WCT e WQS no mesmo ano- e Barton Lynch na galeria dos campeões.
Os melhores do mundo devem ter encontrado coisas melhores para fazer entre as provas do WCT do que correr o WQS. Produzir filmes, editoriais ou simplesmente viajar pelos melhores points do mundo e relaxar devem estar entre as opções.
A história só muda agora. Com duas provas do WQS compondo a Tríplice Coroa Havaiana, os melhores do mundo vão em peso. O tricampeão Andy Irons saiu na frente na busca do seu quarto título da Coroa. Na final, contra o vice-líder do ranking, Mick Fanning, as ondas foram as piores das últimas décadas em Haleiwa, provando que, para os melhores, não importa a condição.
A presença e os resultados expressivos dos atletas da elite na prova da divisão de acesso fizeram com que quase nada mudasse no ranking dos que buscam vaga no WCT. Os brasileiros Victor Ribas (11º), Léo Neves (12º) e Neco Padaratz (13º) mantiveram as posições e seguem na última etapa em Sunset com chances de se juntarem a Mineirinho e Bernardo Pigmeu, que já estão classificados. A prova em Sunset começou com ondas de até 12 pés e foi interrompida na segunda-feira, quando o mar baixou. O período de espera vai até o dia 6. Na seqüência, começa o Pipe Masters, fechando a Coroa e o Mundial.
A lamentar, a ausência de Jihad Kohdr, atual campeão brasileiro, que poderia ter alcançado vaga disputando as duas etapas. Pela segunda vez, ele foi barrado na imigração americana, que alegou a necessidade de visto de negócios. Muçulmano, Jihad passou 16 horas sendo interrogado antes de ser enviado de volta ao Brasil. Seus colegas, com o mesmo visto, seguiram viagem.

PRÊMIO BRASIL OLÍMPICO
A snowborder Isabel Clark foi indicada pelo COB como melhor atleta de 2006. Ela disputa com Laís Souza (ginástica) e Larissa (vôlei de praia). A votação vai até dia 11 pelo site www.cob.org.br/pbo2006/.

MUNDIAL PRO JUNIOR
Mineirinho integrará a equipe sul-americana no Mundial de surfe sub-20, entre 1º e 8 de janeiro, na Austrália. O peruano Matias Mulanovich, irmão de Sofia, campeã mundial de 2005, integra o time.

MOUNTAIN BIKE 12 HORAS
A 11ª edição da prova de resistência terá largada à meia-noite de sábado no km 72 da rodovia dos Bandeirantes, com 430 ciclistas.

PAULISTA DE WAKEBOARD
A 4ª etapa, decisiva, será no fim de semana em São José do Rio Preto.


sarli@trip.com.br

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