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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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Pesquisa traça o desempenho sexual de atletas

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 2.000 participantes da 79ª edição da São Silvestre farão parte de um estudo inédito no Brasil sobre a saúde sexual dos esportistas do país.
Conduzido pelo Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas de São Paulo, o projeto Ecoss (Estudo Clínico dos Corredores da São Silvestre) pretende traçar um perfil médico, biomédico e clínico do atleta brasileiro.
"Queremos definir esse perfil e, a partir daí, estabelecer algumas normas, diretrizes e orientações para médicos e atletas", explica o médico Joel Tedesco, coordenador do projeto.
No ano passado, um estudo menos abrangente também foi realizado com 1.437 participantes da corrida, mas a novidade para 2003 foi a inclusão de um questionário apenas sobre função sexual e a qualidade de vida sexual dos corredores.
De sexta-feira até hoje, um grupo de 25 estudantes do quinto e do sexto ano da faculdade de medicina da USP está entrevistando corredores escolhidos aleatoriamente -nenhum deles, porém, está no grupo de elite da prova.
Entre as 17 perguntas relacionadas ao tema, estão questões como: "Você teve relações sexuais nas últimas quatro semanas?", "Quando manteve relações, teve ereção e conseguiu penetração?", "Sua parceira ficou satisfeita?" e "Você ficou satisfeito de um modo geral?".
São dadas cinco alternativas para as respostas.
"Até hoje [ontem] já fizemos quase 1.800 entrevistas e estamos surpresos com a receptividade e a seriedade com que os participantes estão colaborando conosco", afirma Tedesco.
Os resultados desta pesquisa devem ser divulgados dentro de três ou quatro meses.
De acordo com estudos preliminares, a atividade física regular pode ter grande influência no desempenho sexual.
"Uma simples caminhada de 30 minutos, três vezes por semana, já é suficiente para prevenir a impotência", diz o urologista Sidney Glina, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, que faz parte do Ecoss.
"Esse tipo de exercício não é um grande sacrifício e é o mesmo recomendado para prevenir doenças cardiovasculares", completa o médico.
De acordo com Glina, a principal causa de impotência entre os esportistas é o uso crescente de substâncias anabólicas.
"O uso desses esteróides virou uma epidemia. Cada vez mais jovens estão usando medicamentos para melhorar a performance, muitas vezes indicados em academias, sem saber que isso pode prejudicar sua função sexual e causar até infertilidade", declara.
"Cerca de 10% dos usuários dessas substâncias têm alterações irreversíveis", diz Glina.
Hoje, a partir das 9h30, Tedesco e Glina participarão de um simpósio sobre o tema, no Cine Gazetinha, com entrada franca. Durante o evento serão apresentados os resultados do estudo de 2003 e os médicos responderão a perguntas dos participantes. (LF E TC)

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