São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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MOTOCICLISMO
Goiânia pode herdar prova, marcada para novembro Sem verba,
Prefeitura do Rio cancela o GP Brasil

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O GP Brasil de motociclismo foi cancelado pela Prefeitura do Rio. O procurador-geral do município, Julio Rebello Horta, expediu um comunicado aos organizadores da prova no qual anuncia que a prefeitura não terá condições de investir no evento neste ano.
Horta é o presidente da comissão criada pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (PTB), para reestudar o contrato de realização da prova.
O GP Brasil deste ano já havia sido até marcado pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo). A etapa brasileira, que seria a última do Mundial, estava marcada para o dia 4 de novembro, na pista de Jacarepaguá.
Na carta que foi enviada para a Vadam Internacional, empresa que organiza a etapa brasileira, a Prefeitura do Rio diz que não poderá gastar cerca de US$ 1,5 milhão, valor previsto no contrato.
O procurador alega que o dinheiro pedido para a realização do GP Brasil iria obrigar a prefeitura a desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por isso, ele comunicou ao prefeito a decisão de não realizar a prova. ""Nós não podemos comprometer as contas do município", declarou Horta.
O contrato que compromete a prefeitura a gastar essa verba com a prova do Mundial de motociclismo foi assinado pelo ex-prefeito da cidade Luiz Paulo Conde.
Desde 1995, a cidade do Rio realiza a etapa brasileira do Campeonato Mundial. Neste período, a prova nunca conseguiu despertar o interesse do carioca.
Embora as arquibancadas nunca tenham ficado lotadas, os organizadores da corrida sempre divulgaram números indicadores de boa presença de público.
No ano passado, eles causaram surpresa ao anunciar um público de cerca de 50 mil pessoas no autódromo, na zona oeste da cidade.
Sem poder realizar a prova no Rio, os organizadores deverão agora arrumar uma outra cidade. Antes de ser disputado no Rio, o GP Brasil de motociclismo já aconteceu em Goiânia, no início dos anos 90. A seu favor, a capital goiana conta com um público mais entusiasmado pelo esporte.
Neste ano, mais uma vez o único representante do país no Mundial será Alexandre Barros, que permanecerá competindo na principal categoria, as 500 cc.
Um outro problema afeta a realização da prova no Rio. Além de a prefeitura estar sem dinheiro para investir no GP,o autódromo está praticamente abandonado, o que exigiria ainda mais gastos.
No ano passado, foi rescindido o contrato de concessão do autódromo. Desde agosto de 1998, a PPE Empreendimentos -que tem os pilotos Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet como sócios- administrava o circuito.
Na época, a concessão foi cassada pelo não-cumprimento de várias cláusulas. A empresa deixou de construir um kartódromo, novos boxes e um bar temático, itens previstos no contrato.
Pelo acordo, o grupo administraria o autódromo por dez anos, com a intenção de transformá-lo em um pólo turístico e de formação de novos pilotos.
Os dois ex-pilotos chegaram a anunciar, à época da assinatura do acordo, que tinham planos de "roubar" o GP Brasil de F-1 de São Paulo, o que acabou causando certo alvoroço nos bastidores do automobilismo no país.
O fim do contrato com a Prefeitura do Rio acabou causando um racha entre os ex-campeões.


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