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FUTEBOL
Presidente da Fifa diz que não aceitará intervenção do governo na CBF
Blatter sai em defesa de permanência de Teixeira
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
O presidente da Fifa resolveu
sair em defesa de Ricardo Teixeira. Assim que chegou ao Paraguai, onde acompanhará hoje o
Congresso da Confederação Sul-Americana, o suíço Joseph Blatter, dirigente máximo da entidade
que comanda o futebol mundial,
deixou claro que a Fifa não aceitará uma intervenção pura e simples do governo na CBF.
Para ele, só haveria três possibilidades para Teixeira sair da presidência da Confederação Brasileira de Futebol no sábado, como
quer Carlos Melles, ministro do
Esporte de FHC.
A primeira seria o dirigente
morrer. A segunda, renunciar. A
terceira, ser retirado do cargo pelo
colegiado da CBF, dominado pelas federações estaduais, que já
deram total apoio a Teixeira.
""O estatuto da Fifa é firme e,
mais do que firme, eu diria democrático. Uma federação nacional
de futebol é uma entidade autônoma, que não pode ficar sofrendo intervenções por questões políticas", afirmou Blatter, na entrada do Iate e Golfe Clube, hotel-cassino em que está hospedado
com os demais participantes do
congresso da Conmebol.
Ele citou como exemplo a federação de Bangladesh -""o novo
governo simplesmente decidiu
mexer no futebol, tirando os dirigentes que tinham sido eleitos para colocar pessoas de sua influência". Resultado: a entidade foi suspensa da Fifa, e a seleção do país
retirada de quaisquer competições promovidas por ela.
Indagado pela Folha sobre o caso brasileiro, se não seria diferente do de Bangladesh, pelo peso
das denúncias das CPIs da CBF-Nike, na Câmara, e do Futebol, no
Senado, contra Teixeira, Blatter
disse que não. ""Todo mundo tem
direito à defesa e, pelo que eu saiba, ele tem todo o apoio da comunidade do futebol no Brasil."
A mesma tese do suíço era defendida por Manuel Espezim,
consultor da Fifa e um dos principais aliados de João Havelange,
presidente de honra da entidade,
que chegou ao Paraguai com o ex-sogro de Teixeira.
""Foi uma precipitação do ministro [falar na renúncia do presidente da CBF". Não é só o estatuto
da Fifa, a própria legislação brasileira não permitiria uma intervenção assim, muito menos que
ele force o Ricardo a renunciar.
Ele renuncia se quiser e, pelo que
estou sentindo, não é o caso."
Nabi Abi Chedid, vice-presidente da CBF e integrante do Comitê Executivo da Conmebol,
também negou qualquer possibilidade de Teixeira sair do cargo.
""Ele fica, até porque está mais forte do que nunca, mais uma vez reconduzido a um lugar no Comitê
Executivo da Fifa."
Nabi se refere à recondução do
presidente da CBF, do paraguaio
Nicolás Leoz, da Confederação
Sul-Americana, e do argentino
Julio Grondona, da Associação de
Futebol Argentino, como representantes da América do Sul na
cúpula da Fifa.
Reconduzido pela segunda vez
ao comitê, Teixeira, que se recusou ontem a conversar com a reportagem da Folha, se torna
membro honorário.
Assim sendo, mesmo que deixe
a direção da CBF, não sai do Executivo nos próximos quatro anos.
E depois, pelo simples fato de ser
honorário, poderia tentar uma
nova recondução em 2006, independentemente de sua situação
na confederação do Brasil.
É nisso que Melles se baseia
-no status de honorário de Teixeira, que lhe daria mais força na
Fifa- para que ele renuncie.
Mas, pelo que dizem os amigos
e assessores do dirigente em Assunção, é melhor o ministro tirar
o cavalo da chuva. Honorário ou
não, ele continuaria. E sábado seguiria para Riad, onde o Brasil pega a Arábia Saudita no dia 6.
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