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MOTOR
Finalmente 2004
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Após duas semanas de discussões sobre a cobertura brasileira da F-1, vamos ao que interessa: a temporada promete, mas
apenas promete por enquanto.
A começar pela Ferrari, que tirou o pano vermelho de cima de
um carro muito parecido com o
do ano passado, tomou tempo da
Williams em Valência com o velho e arrancou sorrisos da cúpula
e de Schumacher após 34 voltas
com o novo no circuito de Fiorano, ilha da fantasia de Maranello.
Os atuais campeões fazem força
para mostrar confiança e seria
muito bom escrever que finalmente se perderam no desenvolvimento da família mais vitoriosa
dos últimos tempos. Ou, pelo menos, que foram ultrapassados pelo
atraso/antecipação da McLaren
e/ou pelo nariz revolucionário da
engenheira da Williams. Mas,
claro, é cedo para tanto, teste é
teste, mesmo para a mídia.
Seria muito bom também escrever que McLaren e Williams terão
graves problemas de relacionamento durante o ano, a primeira
sem saber o que fazer exatamente
com Coulthard, a segunda, pior
ainda, sem saber o que fazer com
seu irascível primeiro piloto já
contratado pelo rival, Montoya.
Seria o paraíso escrever que Renault e Toyota chegarão forte,
que a BAR não é apenas um suspiro de pré-temporada, que o treino oficial duplo no sábado trará
verdadeiras surpresas, não apenas na Austrália, e que o motor
longa vida diminuirá pelo menos
um pouco a distância planetária
entre grandes, médios e pequenos.
Tudo isso, no entanto, é puro
delírio neste momento. Temos
um começo de ano auspicioso,
nada mais. Muita coisa vai mudar até os carros embarcarem para Melbourne para a temporada
mais longa da história, a primeira em que times e montadoras terão mais poder e uma maior fatia
nos lucros, a primeira com corridas na China e no Oriente Médio.
Enfim, o que temos até agora é
uma F-1 que se vende como nova,
em cenários cinematográficos,
mas com os mesmos personagens,
liderados pela primadona de
sempre. Falta apenas definir o
enredo, que depende fundamentalmente dos engenheiros.
O prognóstico seria totalmente
pessimista não fosse um único detalhe, digamos técnico, que talvez
seja chave para o desenrolar da
temporada. Até o ano passado,
existia um único projeto de sucesso na categoria, o da Ferrari -a
McLaren saiu à pista com um híbrido, que acabou correndo até o
final, e a Williams só descobriu o
caminho depois que Frank Dernie inventou aquele lastro de aço.
Agora, as três escuderias mostram fôlego e, mais importante,
com programas de raízes bem diferentes -a Ferrari naturalmente apostando no aperfeiçoamento, a McLaren, na solidez de um
projeto de longo prazo, a Wil-liams, no desenho radical.
Ou seja, a dinâmica da temporada tem uma rara chance de
mudança. No lugar de o resto do
grid perseguir os resultados de um
único projeto eficiente, existirão
em tese três em concorrência, o
que já é uma perspectiva.
A não ser que a Ferrari tenha
algum segredo guardado naquele
clone. A não ser que a guerra de
pneus mele tudo mais uma vez.
Pizzonia
O amazonense aproveitou bem sua sessão de testes com a nova Williams. Mas, após o recorde, voltou a se envolver em polêmica. Disse
ao site da "Autosport" que será o segundo piloto de testes do time
nesta temporada. Já a Williams resumiu a produtiva semana a um
simples teste: merecedor de elogios, mas sem nenhum significado de
compromisso futuro. Coisa parecida aconteceu com Nelson Piquet,
o filho. A Williams virou uma porta da esperança para os brasileiros?
Sem cereja
Patrick Faure, chefão da Renault, afirmou que os times vão ganhar
cerca de sete milhões de libras a mais nesta temporada apenas por
conta da nova divisão do bolo da F-1, acertada com Ecclestone e os
bancos alemães. É absurdo dizer isso, mas não parece pouco?
E-mail mariante@uol.com.br
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