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caldeirão
Alemão joga sob pressão do Santos e de tribunal
Denúncia de contrato de gaveta entre clube e atleta será investigada pelo TJD
Após conversa com Emerson Leão, atacante afirma que sua mãe é quem denunciou o time, revela que quer ficar e é escalado contra o Barueri
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia em que virou titular
do Santos, para enfrentar hoje
o Barueri, o atacante Alemão,
18, transformou-se em alvo do
TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de SP. E jogará com a
pressão de provar ao técnico
Emerson Leão que o problema
extracampo não o atrapalha.
Em vez de comemorar a vaga,
ele disse que foi sua mãe, Maria
Lopes, e não ele, quem assinou
denúncia encaminhada à CBF
contra o clube da Vila Belmiro.
A advogada contratada pela
mãe do jogador, Liliane Fermozelli, porém, afirma que foi Alemão quem assinou a acusação.
A denúncia de que o Santos o
obrigou a assinar um contrato
de gaveta (não registrado na federação), como revelou ontem
a Folha, foi repassada pela
CBF à Federação Paulista de
Futebol. O clube tem cinco dias
para se manifestar sobre o assunto. Segundo Marco Polo
Del Nero, presidente da FPF, o
tema deverá ir para o TJD.
"Não tomaremos nenhuma
decisão antes de ouvir todos",
disse o procurador do tribunal,
Antônio Carlos Meccia. "Só
posso dizer que, pelo código
desportivo, o jogador não está
isento por ser menor."
De acordo com a notificação
enviada à CBF, o Santos forçou
Alemão a assinar documento
que seria registrado ao término
de seu contrato formal, em julho de 2008. Pela denúncia, o
acordo tinha data falsa, de
quando ele era menor de idade.
O tribunal investigará se
houve falsificação. Pelos artigos 234 e 235 da legislação esportiva, estão previstas suspensões entre 180 e 720 dias
para quem falsificar (ou se utilizar da fraude), no todo ou em
parte, um documento privado
com fins desportivos.
Como o contrato é de gaveta,
não se sabe quem foi o dirigente do Santos que o assinou. A
advogada afirma que os dois
contratos têm diferença de 13
números em sua série da CBF,
o que indicaria que foram assinados em datas próximas. "Assinei porque tem de assinar,
mas, como eu era menor de
idade, acho que assinei e minha
mãe também", disse Alemão.
O jogador também viu-se em
apuros na manhã de ontem,
quando Leão pediu que ele dissesse a verdade aos jornalistas.
"Normalmente, não deixo
treinar o jogador que ataca o
clube. Mas ele mostrou vontade de repetir o que o Tiago Luís
fez", explicou o técnico, referindo-se ao jogador que saiu
das categorias de base e fez um
gol no Bragantino, na estréia.
"Abri exceção porque o senti
inocente", completou Leão.
Depois de ficar cara a cara
com o treinador, foi a vez de
Alemão enfrentar a imprensa.
"Queria deixar bem claro que
não autorizei ninguém a fazer
isso [a denúncia] e também não
fui coagido a assinar o contrato.
Eu amo o Santos. E quero ficar." Procurado, o advogado do
clube Mário Mello não quis falar sobre o assunto.
Colaborou MARIANA CAMPOS,
da Agência Folha, em Santos
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