São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Mimado e bom de bola


Prefiro um Robinho marrento aos jogadores só obedientes e regulares. Com Robinhos, ver futebol é um prazer


EM OITO anos de carreira, Robinho ficou mais velho, mais marrento, muito mais rico e teve contato com outras culturas e outras línguas. Mas continua mimado e com pouca autocrítica.
Robinho é uma dessas pessoas, famosas ou não, atletas ou não, que precisam ser elogiadas e bajuladas, todos os dias. Sofrem de uma ansiedade afetiva, de achar que não são amadas como merecem. Necessitam ser os craques do time.
Deve ser também por isso que as melhores atuações de Robinho, pela seleção, foram nas ausências de Kaká e Ronaldinho, como na Copa América.
Receio que, no futuro, Robinho, como ocorre com tantas pessoas, sinta-se vítima da incompreensão e da maldade humana. Os culpados de seus males são sempre os outros e o cruel destino.
Robinho forçou a saída do Santos, do Real Madrid e, agora, do Manchester City. Saiu do Real quando dava evidentes sinais de que passaria de coadjuvante a protagonista. Uma grande burrice.
A busca pelo dinheiro e/ou a necessidade de ser o melhor, característica dos humanos e não apenas de Robinho, devem ter sido os principais motivos de suas saídas.
Tudo com a orientação e o incentivo de empresários, que ganham muito nessas transferências. Isso não diminui a responsabilidade dos jogadores.
Quando Robinho saiu do Santos, ele disse que seria o melhor do mundo. Denílson falou o mesmo, quando saiu do São Paulo para a Espanha. Nenhum dos dois fez grande esforço para isso. Evoluíram pouco ou nada. Robinho, evidentemente, tem mais talento que Denílson. Poderia ter ido mais longe. Ainda há tempo.
Depois de ser exaltado durante anos, Robinho é, agora, o mais criticado da seleção. A maioria pede sua saída.
Apesar de ele ser mimado, de achar que é melhor do que é, e de estar fora de forma, tenho muita esperança de que Robinho brilhe no Santos e na Copa do Mundo. Em forma, ele joga demais. E vai enfrentar defesas mais frágeis no Brasil. Isso lhe dará mais confiança.
Além disso, Robinho é um dos poucos jogadores que têm ótimo talento ofensivo e que, quando quer, volta para marcar e desarma com muita facilidade. É o que fez na maioria dos jogos pela seleção.
Prefiro também um Robinho marrento, mimado, aos jogadores somente obedientes e regulares. São os Robinhos que dão prazer de ver futebol. A solução não é trocar os Robinhos pelos medianos, e sim ajudar os Robinhos a jogar bonito e com mais eficiência.
A presença de Robinho no Santos pode ajudar ou inibir a ascensão de Neymar. O jovem de 17 anos mostrou, neste início de ano, e não apenas no jogo de quarta-feira, que tem grande chance de se tornar um excepcional jogador. Para isso, terá de melhorar muito na finalização. Se não fosse essa deficiência, já teria feito vários gols espetaculares neste início de temporada.
Robinho e Neymar têm as mesmas características e gostam de atuar pela esquerda, entrando em diagonal pelo meio. Devem ser escalados um de cada lado. Melhor que uma pedalada são duas. Para completá-los, o Santos precisa de um ótimo atacante, bom finalizador, além de Ganso e de um bom time.


Texto Anterior: Rio-2016 anuncia consultoria de Blair
Próximo Texto: Juvenil faz história na Austrália
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.