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FUTEBOL
Segredos do ponto eletrônico
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Amigo torcedor, amigo
secador, você sabe o que o
trio de arbitragem conversa mesmo pelo aparelho eletrônico?
É uma fuzarca.
O disse-me-disse que anulou o
golaço de Tevez é fábula infantil
diante da prosa, proibida para
menores, x-rated perde, que rola
solta. Um verdadeiro museu da
língua, senhor.
Se o jogo é chato e modorrento,
então, haja papo para fazer passar o tempo. Pensam que é mole
apitar um União São João x Mirassol, pela série A-2 do Paulista?
A bandeirinha (-"assistente é
uma ova!", grita aqui meu anacrônico papagaio Flobé) Ana
Paula de Oliveira que o diga.
O pior, para a musa do apito, é
que o papo dos colegas Cléber
Wellington Abade e Evandro
Luiz Silveira -os mesmos de Palmeiras x Corinthians-, ainda
conseguia ser mais pavoroso do
que o próprio jogo.
Tanto que a brava moçoila arrancou o ponto eletrônico das oiças antes mesmo do final da peleja. Ah, melhor ouvir o coro de
"gostosa" das arquibancadas do
que as impropriedades e "malices" dos rapazes. Sem ela no circuito, imaginem então o nível de
testosterona do diálogo dos cabróns?!
Todo juiz de futebol é um tarado. Ou vocês acham que alguém
escolhe uma missão dessas na vida à toa? No mínimo tem um edipianismo monstro e mal resolvido. Além das perversões de varejo,
óbvio, e do sadomasoquismo incorrigível.
Pela arrojada leitura labial que
tenho feito durante os jogos de
São Paulo, e também de algumas
partidas da Europa, onde se inventou o uso do equipamento, a
baixaria rola mesmo solta.
Durante o golaço de Tevez, por
exemplo, rolava uma velha piada
sobre argentino. Aquela da traição de Jesus por um Judas portenho, claro: "Esta noite um de vocês me trairá!", disse Cristo. "Serei
yo?", entrega-se o suposto traidor
da lorota. Algo assim.
No velho continente não é nada
diferente.
Outro dia, diante de mais um
garrinchismo hipnótico de Ronaldinho Gaúcho, um árbitro mané
lá qualquer não se conteve, olhou
para um dos colegas da bandeira
e sapecou, com o perdão aos ouvidos mais delicados, um sonoro e
grandiloquente "vai jugar assí en
la puta que o pariu!". E no melhor
estilo possível, de fazer inveja ao
Douglas Diegues, inventor do
"portunhol selvagem", língua que
utiliza nos seus livros.
O perfume afetado dos cremes
de David Beckham, de cuja costela Deus criou o metrossexual, é
outro assunto corrente no ponto
eletrônico d'além-mar.
Pior seria, para os colegas de arbitragem, enfrentar uma assistente com TPM. "Já pensou que
inferno?", perguntou-me outro
dia, via e-mail, uma leitora corintiana que condenou o uso do recurso tecnológico depois daquele
malfadado clássico.
"Rolaria até uma tremenda
D.R.", escreveu a fiel missivista.
D.R., para quem não sabe, significa "discussão de relação", essa
mitológica treta que atinge todos
os nossos lares doces lares.
Perdido no espaço
O vício de secar é mesmo uma
doença. Sequei até o astronauta
brasileiro que apareceu subindo aos céus, no canto da tela,
durante o jogo do Santos com o
Bragantino. Pára com isso, menino! E toda a sorte ao nosso
homem representante em outras galáxias.
Solidão da estrela
Como cantava o Jorge Ben das
antigas, "a cegonha me deixou
em Madureira". Pois é, sou Madureira desde criancinha. Viva
o time dos suburbanos corações cariocas. Que o Maraca lhe
seja leve na decisão com o Bota.
Secando em Minas
Além da estrela solitária, seco
também o Cruzeiro contra o
Ipatinga, na decisão do Mineiro. Que vinguem todas as zebras possíveis da domingueira.
E-mail - xico.folha@uol.com.br
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