DO ENVIADO A YOKOHAMA

Se é mesmo verdade que o título é sempre conquistado quando o time está muito unido, Camarões e Irlanda abrem a Copa no Japão como potenciais campeões.
Tanto a equipe camaronesa quanto a seleção irlandesa, que jogam em Niigata às 3h30 da madrugada deste sábado, pelo Grupo E, têm motivos fortes para entrar em campo com vontade e ter uma grande atuação na Copa.
A união dos jogadores de Camarões levou o país africano a dois títulos continentais, em 2000 e neste ano, e ao ouro olímpico em Sydney, dois anos atrás.
Camarões chegou à Ásia após desaparecer por quatro dias -o time saiu de seu país, não chegou ao Japão, e os anfitriões não sabem até agora onde os camaroneses ficaram por cem horas.
O craque do time, o meia-atacante Patrick Mboma, não estaria bem fisicamente porque uma contusão no tendão-de-aquiles não foi bem tratada em seu país.
Já na estréia, a equipe deve entrar em campo com sua inovadora camisa sem mangas. A Fifa, que primeiro vetou o uniforme, admitiu o uso da camisa regata desde que haja outro espaço para um logotipo que todas as seleções deverão usar nas mangas.
Tanta bagunça, segundo o técnico Winfried Schaefer, só estimula seu time. ""Estamos acostumados à desorganização. É sempre assim. Mas eu tenho jogadores motivados. Eles atuam com o coração, são muito unidos", disse.
Já a Irlanda teve dias turbulentos após desembarcar na Ásia. O capitão, líder do time e ídolo do Manchester United, Roy Keane, entrou em atrito com o treinador Mick McCarthy e foi cortado por questões disciplinares.
O que poderia abalar o grupo serviu para uni-lo. Os demais 22 jogadores assinaram documento apoiando o técnico e repudiando o comportamento do ex-capitão.
""Não há dúvida de que os objetivos da equipe serão mais facilmente alcançados sem Roy", diz trecho de carta feita pelos atletas.
Sem seu grande craque, a Irlanda deixa de ser um time de peso -apesar dos 100 kg do atacante Quinn, segundo lista da Fifa.
Camaroneses e irlandeses estão na chave dos alemães, que pegarão a Arábia Saudita, o time mais frágil do grupo. O jogo entre africanos e britânicos é decisivo, pois será muito difícil eles irem juntos (apesar da união) à segunda fase da Copa. (RODRIGO BUENO)