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Cartolas marcados por escândalos escolheram sedes
Órgão responsável por seleção, Comitê Executivo da Fifa é composto por 25 integrantes, entre eles Ricardo Teixeira
Lista de casos envolve até
o comandante da Fifa e vai
de desfalques milionários a desvios de ingressos e venda de camisas falsificadas
DO ENVIADO A NASSAU
O anúncio das cidades-sede
da Copa do Mundo de 2014 determinará a prioridade do investimento federal sobre 12 capitais nos próximos anos. O governo se comprometeu a bancar a infraestrutura do evento.
A escolha que determinará o
destino desses recursos, porém, passou longe de Brasília.
Foi feita por um grupo técnico da Fifa, juntamente com a
CBF. Mas quem bate o martelo
são os 25 homens do Comitê
Executivo da Fifa. Só um é brasileiro -o presidente da CBF,
Ricardo Teixeira. Todos foram
eleitos em pleitos que só envolveram cartolas de suas confederações. Vários deles já sofreram acusações de ilegalidades
financeiras ou políticas.
Quem encabeça a lista de
problemas é o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em sua gestão, o então secretário-geral,
Michel Zen-Ruffinen, acusou
Blatter de ter feito gastos irregulares, somando prejuízo de
360 milhões de libras (mais de
R$ 1 bilhão) para a entidade.
Uma das acusações era a de
que ele pagara de forma irregular 69 mil libras ao russo Viacheslav Koloskov. Na época,
Koloskov não era do Comitê
Executivo, mas recebeu verba
como se fosse. Hoje, ele está de
volta ao órgão máximo da Fifa.
Por conta disso, 11 membros
do Comitê Executivo da Fifa
acusaram Blatter, em denúncia
criminal, de utilizar dinheiro
da entidade para comprar votos. A disputa precedia a eleição
de 2002 para a presidência.
Sob pressão, Blatter reconheceu erros e reviu determinados procedimentos dentro
da entidade. Foi reeleito, e o ex-secretário-geral saiu da Fifa. A
denúncia foi retirada.
A crise financeira da Fifa, levada a público por Zen-Ruffinen, foi desencadeada pela falência da ISL (International
Sports License), ex-principal
parceira comercial da entidade.
Sua ruína gerou um processo
na Justiça suíça em que executivos da ISL admitiram ter feito
pagamentos a dirigentes esportivos. Não foram dados nomes.
Foi também em um processo
que o atual secretário-geral da
Fifa, Jerome Valcke, complicou-se. Nos EUA, a Mastercard
processou a entidade por rompimento de contrato -hoje, o
patrocínio é com a Visa.
A corte apontou que Valcke,
então diretor de marketing da
entidade, mentiu na ação. Sua
atuação foi classificada como
"qualquer coisa, menos fair
play", alusão ao lema da Fifa.
A entidade teve de pagar US$
90 milhões para a Mastercard.
Valcke sofreu pressão dentro
da federação, mas foi perdoado.
E virou secretário-geral.
Um dos vices da Fifa, Jack
Warner, de Trinidad e Tobago,
foi acusado de lucrar US$ 1 milhão com a revenda ilegal de ingressos para a Copa de 2006, na
Alemanha. Warner recebeu somente uma multa e foi obrigado a devolver o dinheiro. Contudo seu prestígio no Comitê
Executivo seguiu intacto.
Segundo homem da Fifa -é
vice sênior-, o argentino Julio
Grondona foi investigado por
comissão da Câmara de Deputados de seu país, em 2000.
Motivo: apurar possíveis irregularidades nos contratos de
TV da AFA (Associação de Futebol Argentina). Havia alegações de favorecimento a uma
das redes nacionais.
Revistas argentinas apontaram o enriquecimento de
Grondona à frente da AFA, mas
sem apontar desvio de recursos
da entidade. Mais tarde, a investigação da Câmara foi arquivada, e Grondona seguiu forte.
O guatemalteco Rafael Salgueiro, também membro do
Comitê Executivo, foi acusado
por um ex-funcionário da federação local de vender camisas
falsificadas da Adidas.
É da cabeça de homens como
esses que saiu a decisão que vai
nortear o investimento em infraestrutura do Brasil até o ano
da Copa. 0
(RODRIGO MATTOS)
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