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FUTEBOL
Filho do prefeito de São Caetano usa o símbolo do time em campanha
Clube volta a se confundir com política antes da final
DA REPORTAGEM LOCAL
A pouco mais de dois meses das
eleições, a superexposição do São
Caetano com a chegada à final da
Libertadores volta a gerar suspeitas de utilização política do clube.
Amparado pela Prefeitura de
São Caetano do Sul, o time tem
como entusiasta e presidente de
honra o prefeito Luiz Tortorello
(PTB), cujo filho, Marquinho
Tortorello (PPS), concorre à reeleição como deputado estadual.
Opositores do grupo político
dos Tortorello acusam Marquinho e seu pai de terem aproveitado a festa em comemoração aos
125 anos da cidade, organizada
pela prefeitura, no último domingo, para promover a candidatura
do primeiro, utilizando no evento
símbolos do "Azulão".
Durante o desfile cívico que antecedeu o discurso do prefeito, foram distribuídas centenas de bandeirolas com a logomarca da
campanha de Marquinho ao lado
do escudo do São Caetano.
Vereadores de oposição do município afirmam que funcionários
da prefeitura ajudaram na distribuição das bandeirolas. Vários
veículos da administração municipal ostentavam a propaganda
de Marquinho com o distintivo da
equipe finalista da Libertadores.
Durante o seu discurso, o prefeito Luiz Tortorello pediu à população para "adquirir" a bandeira do clube e colocá-la em automóveis e residências para torcer
para o São Caetano.
Nesta semana, o prefeito enviou
à mídia, por intermédio da Diretoria de Comunicação Social da
prefeitura, um e-mail com um
texto de sua autoria, intitulado
"Tudo azul", em que exalta sua
administração e os feitos do time
que leva o nome da cidade.
"O clube é largamente utilizado
pelo prefeito e pelo Marquinho.
Há uma ligação estreita e promíscua entre o público e o privado",
diz o vereador Horácio Neto (PT).
O parlamentar cita o fato de a
prefeitura ceder gratuitamente
veículos para o clube sem autorização da Câmara Municipal e ironiza o orgulho que o time tem de
não atrasar salários e manter as finanças em dia. "O São Caetano
não tem crise porque o dinheiro
que ele utiliza é público."
O vereador Hamilton Lacerda,
também do PT, declara que o terreno onde está localizada a sede
do clube, obtido com a prefeitura
em regime de comodato, só foi
conseguido pela ligação de Tortorello com o São Caetano.
"A lei do comodato determina
que terrenos públicos só podem
ser cedidos a entidades de bairros.
Para viabilizar o processo, eles inventaram uma tal de Sociedade de
Amigos do Bairro Cerâmica", relata Lacerda.
O vereador vai além, ao afirmar
que a sede "foi construída com dinheiro público".
Os parlamentares de oposição
alegam ter dificuldade de coibir o
que consideram ser um abuso por
serem minoria na Câmara Municipal -18 dos 21 vereadores da cidade apóiam o prefeito.
No caso da cessão gratuita de
veículos para o clube sem autorização da Câmara, Horácio Neto
diz já ter entrado com uma representação no Ministério Público
que inclui o tema, mas, segundo
ele, o órgão tem sido lento na apuração das denúncias.
O campo onde o São Caetano
manda seus jogos, o Anacleto
Campanella, é da prefeitura, que
promoveu recentemente uma reforma substancial no estádio para
que ele pudesse abrigar jogos do
Paulista e do Brasileiro.
Além disso, a administração
municipal ajuda a bancar as divisões de base do clube.
O presidente do São Caetano,
Nairo Ferreira, tem um cargo no
primeiro escalão da prefeitura
-é diretor da Deplan, órgão que
corresponde à secretaria de Planejamento. "O São Caetano não
mistura futebol com política. Não
há nada que envolva a final da Libertadores com política", disse o
dirigente, que nos últimos dias alternou sua obrigação profissional
com os compromissos da grande
final.
(FÁBIO VICTOR, PAULO GALDIERI E RODRIGO BERTOLOTTO)
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