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FUTEBOL
Estudo diagnostica defeito do time e define metas para as eliminatórias
Manual de Parreira exorta atletas a jogar sem a bola
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O técnico da seleção brasileira,
Carlos Alberto Parreira, vai exortar os pentacampeões a jogar sem
a bola nas eliminatórias.
O desafio foi estabelecido pelo
treinador no seu primeiro estudo
escrito em conjunto com o coordenador técnico Zagallo desde a
volta da dupla ao comando da seleção. A espécie de manual define
os principais objetivos na disputa
da vaga para a Copa de 2006, que
vai começar em setembro.
O texto, concluído no início da
semana, foi obtido pela Folha.
Com cinco páginas, ele será distribuído pela comissão técnica aos
atletas na próxima reunião do
grupo, que poderá ocorrer no
próximo mês (caso a CBF marque
um amistoso), ou no início da
preparação para as eliminatórias.
Depois de analisar os sete jogos
da seleção desde que Parreira assumiu, a comissão técnica diagnosticou que ""o maior desafio do
futebol brasileiro é aprender a jogar sem a bola". ""Quando conseguirmos isso, estaremos muito
próximos do sucesso", afirmam
Parreira e Zagallo no texto.
Surpresos com a ""capacidade
de marcação dos adversários",
principalmente de Camarões, que
venceu a seleção na Copa das
Confederações, ambos acreditam
que está em vigor uma nova ordem no futebol mundial. A dupla
afirma que os rivais ""aperfeiçoaram uma nova forma de jogar".
"Os adversários desenvolveram
no limite máximo a capacidade de
marcação, de não nos deixar jogar. Jogam defendendo a partir da
intermediária, com dez atrás,
preenchendo todos os espaços e
usando os contra-ataques. Demostram uma condição física invejável e o fazem com muita intensidade, disciplina e aplicação",
sentencia a comissão técnica.
Para tentar se adequar aos novos tempos, Parreira e Zagallo definiram no manual os pontos vitais para a seleção se moldar taticamente ao estilo pretendido por
eles. No texto, os dois dirão aos
convocados "que não bastam
bons jogadores para se ter sucesso". Eles vão cobrar solidariedade
dos atletas. Segundo a dupla, "é
fundamental que o talento seja
apoiado por um bom trabalho de
equipe e que haja uma tática coerente com histórico, estilo, filosofia e qualidade dos jogadores".
Na tentativa de convencer os
convocados da importância da
marcação, os treinadores dizem
que "o futebol brasileiro e a seleção tornam-se praticamente imbatíveis quando conseguem igualar as seguintes variantes: ter disciplina tática, ocupar espaços, jogar com entusiasmo e vontade,
impor-se tecnicamente e, sobretudo, sentir prazer e alegria naquilo que se faz".
"Se nós fizermos contra eles
marcação idêntica, com a nossa
superioridade técnica, iremos
sempre levar vantagem", relatam
Parreira e Zagallo no manual.
No documento, a dupla também vai deixar claro para os atletas que não quer repetir as campanhas decepcionantes da seleção
nas duas últimas participações
nas eliminatórias, quando o país
só ganhou vaga na última rodada.
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