São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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JUCA KFOURI

Ressurge o alviverde imponente?

Quatro jogos, quatro ótimos resultados, bastaram para mudar os ares palmeirenses e as desconfianças sobre o time

PRIMEIRO FOI o Vasco, 4 a 2: "Ah, mas do Vasco até o time da minha rua ganha", o torcedor pessimista pensou. Depois veio o Corinthians, rival tradicionalíssimo, 1 a 0: "Tudo bem, ganhar deles sempre é bom, Mas eles estão uma baba", ponderou o torcedor cético. Em seguida, o Goiás, 3 a 1, no Serra Dourada, onde é tão difícil batê-lo que até o campeão do ano passado foi derrotado lá, na derradeira partida do Brasileirão: "É, alguma coisa mudou", concedeu o torcedor ainda desconfiado. E, agora, o adversário foi o Paraná Clube, oito jogos sem perder, seis vitórias consecutivas, outro 4 a 2: "Ninguém segura mais", sonham todos os palmeirenses, com alguma razão. E fé.
Porque não apenas o resultado fala por si mesmo, mas, como contra o Vasco, o futebol apresentado convenceu.
Mais até: entusiasmou pela capacidade de entrega, pela obediência tática e pelo poder de reação porque, convenhamos, diante de um oponente bem organizado, o empate em dois gols depois da vantagem duramente obtida por 2 a 0, era para abalar qualquer convicção.
Mas, qual.
O Palmeiras nem deixou os paranistas se aproveitarem do ótimo momento e tratou de recuperar a vantagem, em bela trama. Que culminou no golaço de falta cobrada por Alceu, para coroar uma vitória digna mesmo de entusiasmar os mais exigentes.
Não, o Palmeiras não descobriu de repente que tem um timaço.
Certamente é inferior ao São Paulo, ao Inter, ao Cruzeiro, mas... quem mais? Mais ninguém.
Neste diapasão dá para projetar dias melhores, bem melhores, à altura das tradições palmeirenses.
E, quando se diz que nada é por acaso nem de repente, está óbvio que Tite e seus comandados souberam se aproveitar da parada do campeonato para pôr ordem na casa dentro e fora do campo.
O comportamento, também fora e dentro do campo, de Edmundo, parece ser emblemático.
O que se esperava de Tite acabou superado pelo que se viu nas últimas quatro partidas do Palmeiras. Previa-se que ele trataria de arrumar a defesa, de fazer o time não dar espaços aos adversários.
E não que ele não tenha cumprido, mas o time sofreu cinco gols em quatro jogos, média alta para o padrão Tite de ser.
Só que, por outro lado, isto é, do outro lado, lá na frente, o Palmeiras marcou 12 gols, média alta para qualquer padrão no futebol atual.
Jogadores em desgraça passaram a ser aplaudidos e meninos como o goleiro Diego Cavalieri puderam entrar no fogo sem se queimar.
Futebol não tem mistério, é o que todos dizem para simplificar.
E não tem mesmo.
Mas é capaz de mudar da água para o chianti uma situação de calamidade para pintá-la com o verde da esperança: "Uma esperança que já dá para apalpar", arremata o torcedor realista.

Máximas do futebol
Quando a fase é ruim, tudo dá errado. De fato.
Atacante perde gol feito como Rafael Moura perdeu no Recife; goleiro falha como Sílvio Luiz falhou novamente no Arrudão lotado e o árbitro não marca pênalti, como não marcou para o Corinthians diante do Santa Cruz. Só que os adversários ganharam sua quarta partida seguida e os alvinegros completaram o dobro sem vencer.
Quando a fase é boa, tudo dá certo. Nem sempre.
Que o diga o time B do São Paulo, goleado pelo Santos. O tricolor até estava melhor, tinha mandado bola na trave, mas, bobeou. Tomou o primeiro gol na esperteza da batida rápida de uma falta e abriu a porteira para a goleada santista.


blogdojuca@uol.com.br

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