São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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46s91

Cielo é ouro, com recorde mundial nos 100 m livre

Em Roma, campeão olímpico dos 50 m atinge maior feito da natação brasileira

Paulista diz que está mais forte, mais maduro e mais bonito do que nos Jogos de Pequim e encerra jejum de 27 anos do país em Mundiais

MartinBureau/France Presse
Ainda marcado pelos tapas pré-prova, Cielo festeja a vitória

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

César Cielo não olhou para os lados, não se preocupou com adversários, manteve-se concentrado, frio. O jovem de 22 anos que chora no pódio como uma criança mostrou mais uma vez que sabe o que fazer para estar no topo dele. E fez.
Ser campeão mundial era um sonho. Bater o recorde mundial, quase uma obsessão. E Cielo concretizou os dois objetivos ontem na piscina do Foro Itálico, palco do Mundial de esportes aquáticos de Roma.
O brasileiro cravou 46s91 e levou o ouro nos 100 m livre.
É a prova mais nobre da natação. É o maior feito de um nadador brasileiro. É histórico.
Deixou para trás os franceses Alain Bernard, dono até então da marca mais rápida, 46s94 -não considerada recorde por ter sido obtida com maiô não aprovado-, e Fred Bousquet, recordista dos 50 m livre.
Após um longo jejum de 27 anos, o Brasil voltou a conquistar um ouro em um Mundial de natação. Até ontem, o primeiro e único brasileiro a atingir o feito era Ricardo Prado, vencedor dos 400 m medley em 1982.
"Pequim foi bom [levou bronze nos 100 m livre], mas eu sempre quis o ouro da prova mais tradicional da natação. Não esperava nada sobre o tempo. Consegui focar a raia, olhar para frente, não ver nada do lado", disse Cielo, ontem.
"É assim que consigo minha melhor performance. Deu certo. É o primeiro recorde [mundial] da minha carreira, espero que o primeiro de muitos."
A marca de Cielo é o 13º recorde mundial da natação brasileira -seis, no entanto, foram em piscina curta, de 25 m.
Um ano depois de vencer os 50 m livre na Olimpíada, Cielo brincou que está mais forte, mais maduro e mais bonito.
Mais forte está mesmo. O trabalho físico incrementado foi um dos segredos de sua preparação para Roma.
Mais maduro, também. Cielo aprendeu a lidar com a pressão em momentos decisivos e a ser menos afoito antes deles.
Quando caiu na água no Foro Itálico, no domingo, deixou claro que podia fazer um bom tempo. No 4 x 100 m livre, marcou 47s09, 0s04 acima do recorde do australiano Eamon Sullivan. O Brasil foi quarto.
Nas etapas classificatórias para os 100 m livre, porém, foi frio para dosar o esforço. Perdeu duas vezes para Bernard, mas avançou tranquilo. E avisou que podia conseguir mais.
"Falei que guardava algo", declarou ele, que costuma dar fortes tapas no próprio corpo antes de nadar. "Apesar de ter sido um tempo muito louco, sabia que iria fazê-lo. Não tem mágica, é trabalho duro."
Nem bem acabou a prova, ele já pensava em outro desafio. Hoje, nada a eliminatória dos 50 m, que começaria na madrugada. De novo como favorito. Mais preparado do que nunca.
"O César do bronze era um garoto, e o que ganhou o ouro, um homem. Em Pequim, ele não acreditava que poderia ser campeão olímpico nessa prova. Agora, tem 100% de certeza de que é o melhor do mundo", definiu o técnico do brasileiro, o australiano Brett Hawke.


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