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Bagagem
Cesar Cielo fatura seu segundo ouro no Mundial e diz que caso de doping o tornou mais maduro
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI
Dentro da água, Cesar Cielo, 24, foi incontestável. Com
muita facilidade, deslizou
ontem na piscina de Xangai
para conquistar pela segunda vez consecutiva o título
mundial dos 50 m livre.
Até então, o feito só havia
sido atingido pelo americano
Tom Jager, em 1986 e 1991.
Com 21s52, bateu por 0s38
o vice, o italiano Luca Dotto.
A mais acachapante vitória
de 50 m livre em Mundiais.
"Dois ouros e um quarto
lugar é melhor do que eu havia imaginado. Esta semana
foi um desafio que nunca vi
na natação brasileira. Talvez
na mundial", afirmou Cielo,
ouro nos 50 m borboleta e
quarto nos 100 m livre.
"Estas medalhas têm um
peso maior. É a primeira vez
que olho para trás e tenho orgulho de tudo o que passei e
superei", disse o nadador.
O ouro em sua prova favorita, na qual foi campeão
olímpico e só perdeu uma vez
desde 2008 em eventos de
primeira linha, fechou a semana em que Cielo mostrou
superação e maturidade para
ganhar e perder. Mas foi contestado fora da água.
Seu caso de doping acabou só às vésperas do Mundial. A Corte de Arbitragem
do Esporte manteve a advertência dada pela confederação brasileira. Cielo testou
positivo para um diurético
em maio e disse ter tomado
suplemento contaminado
por uma farmácia de manipulação de Santa Bárbara
d'Oeste, sua terra natal.
A pena branda foi criticada em Xangai. Em sua estreia
no Mundial, ele ouviu aplausos da torcida e apupos e manifestações dos atletas.
O diretor-executivo da Fina, Cornel Marculesco, disse
à Associated Press que hoje,
"com bom advogado, você se
livra", em alusão ao badalado americano Howard Jacobs, contratado por Cielo.
"Não foi o cenário que eu
imaginei, com certeza. Como
pessoa, posso dizer que fiquei um pouco chateado. Como nadador, não afeta. Não
vim aqui para fazer amigos",
declarou o campeão.
"Vejo meu indivíduo como
duas imagens. O nadador separa os problemas da vida e
tira seu melhor. Como pessoa, é difícil. Ver um cara
com quem você conversava,
de repente, nem te dar "oi'",
afirmou Cielo, acrescentando se sentir amadurecido.
"Com 24 anos, já passei
por tudo o que o esporte oferece. Me sinto com 44 anos."
O técnico Alberto Pinto, o
Albertinho, estava receoso
com a reação do pupilo. "Não
dava para saber como ele iria
reagir. Estava apostando na
força mental dele. Posso ver
como está no treino, não sei
como é quando vai para casa", disse. "Mas ficou a sensação de dever cumprido."
NA TV
Mundial de natação
7h Record News
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