UOL


São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DORES DO CRESCIMENTO

Com 16 anos, meia do Flu teve depressão ao se lesionar na seleção

Insônia derruba Carlos Alberto

Folha Imagem
Carlos Alberto, jogador mais caçado do Brasileiro-03, participa de treino com o Fluminense


DA REPORTAGEM LOCAL

A fama precoce foi pesada demais para o meia Carlos Alberto, do Fluminense.
Com 18 anos, ele já sofreu contusões físicas e problemas emocionais por nem sempre aguentar tanto peso nas costas.
Revelação concorrida desde as categorias de base, o jogador já sofreu lesão grave, precisou tomar remédio contra depressão, teve seus direitos federativos penhorados por Renato Gaúcho na Justiça para assegurar pagamento de dívidas do Fluminense e agora tenta se livrar de um distúrbio do sono causado por estresse.
Há quase três anos, quando servia a seleção sub-15, Carlos Alberto sofreu uma lombalgia. A gravidade da lesão lhe tirou dos campos por mais de três meses. De volta ao batente, tornou a se machucar e, então, entrou em profunda depressão.
"Fiquei depressivo. Muito triste mesmo. Chorava porque achava que não ia mais conseguir jogar. Eu era muito novo. Cheguei até a tomar remédios. Mas só melhorei quando encontrei Jesus, me converti e virei evangélico", diz ele, que procurou a igreja "no desespero, por conta própria".
A responsabilidade foi o que lhe impediu de parar com a bola. Voltou a jogar e a figurar nas listas das seleções inferiores. O estudo não acompanhou o mesmo ritmo e ele ainda não conseguiu completar o segundo grau.
Neste ano o estresse provocou novos problemas ao novato jogador. Carlos Alberto ficou afastado por algumas rodadas do Brasileiro por recomendação dos médicos do clube.
"Não conseguia dormir. Mas não estava com problemas emocionais. Só que, de uma hora para outra, passei a ficar acordado a noite toda assistindo à TV. Estava cansado, muitos jogos, muitas coisas. Agora já estou praticamente recuperado", afirma o meia carioca, o jogador mais caçado no Brasileiro-03 -em média, ele recebe nove faltas por partida, segundo as estatísticas do Datafolha.
A sobrecarga a que o novato se refere tem a ver com a sequência de partidas e convocações, poucas folgas, salários atrasados e muita cobrança para um menino, a estrela de um time que está ameaçado pelo rebaixamento e que sustenta outras três pessoas (pai, mãe e irmão).
Com o seu dinheiro, ele diz que já conseguiu melhorar a vida de sua família. Comprou uma casa, um carro, novos móveis e eletrodomésticos.
O pai, assistente de iluminação, também trabalha para compor a renda familiar. "Mas eu ganho muito mais, lógico. Eu tenho, além do meu salário, um contrato com a Nike que me dá mais segurança. Ganho dinheiro e roupa", diz o meia.
"Moro em Xerém [distrito de Duque de Caxias, baixada Fluminense] com a minha família. Agora falta eu comprar um apartamento só para mim. Mas estou feliz por poder, com o meu trabalho, realizar os meus sonhos, os dos meus pais e o do meu irmão, que também já joga bola", afirma. (MR e PC)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Memória: Pelé e Ronaldo foram os teens mais famosos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.