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Atenas assiste ao crepúsculo de estrelas de pistas, piscinas e ginásios
MARIANA LAJOLO
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais badalados esportes olímpicos individuais e acostumados a
produzir mitos, atletismo, ginástica e natação assistiram em Atenas ao ocaso de ídolos que se
acostumaram a reverenciar.
Nas pistas, a maior decepção foi
Marion Jones. A californiana, estrela em Sydney com três ouros e
dois bronzes, começou sua queda
antes do início da Olimpíada.
Na seletiva dos EUA, caiu na final dos 100 m e desistiu dos 200
m. Suspeita de estar envolvida no
maior escândalo de doping do
país, o caso Balco, Marion, 30, só
obteve vaga no salto em distância.
Em Atenas, saltou 6,85 m e ficou
com a quinta colocação -o bronze de Sydney viera com 6,92 m.
Na final do 4 x 100 m, protagonizou a cena que melhor representa
sua decadência. Atrapalhou-se na
passagem do bastão, e a equipe
dos EUA foi desclassificada. Nos 4
x 400 m, não foi nem convocada
para o time que ficou com o ouro.
Seu compatriota Allen Johnson,
29, tricampeão mundial dos 110 m
com barreiras e ouro em Atlanta-96, também decepcionou. Nas eliminatórias, tropeçou no nono
obstáculo e deu um peixinho por
baixo do último.
Mesmo fim teve Gail Devers, 37,
três ouros e cinco mundiais na bagagem. Antes da primeira barreira da classificatória, a americana
sentiu a perna e caiu por baixo do
obstáculo. Outro campeão olímpico fez feio em Atenas. O cubano
Iván Pedroso, 31, tetracampeão
mundial no salto em distância,
terminou em sétimo lugar, com
8,23 m. Há quatro anos, ficou com
o ouro ao saltar 8,55 m.
A ginástica artística viu a queda
de dois de seus principais nomes.
"Rainha" Khorkina, como era
conhecida a esguia Svetlana (1,64
m e 50 kg), desperdiçou a chance
de obter o inédito título do individual geral. A ginasta russa, 25, liderava até a prova de solo. Ao final da apresentação, diante da nota 9,562, o público vaiou o júri.
Em seguida, Carly Patterson, 16,
dos EUA, levou o ouro com 9,712.
Mesmo com a prata, Khorkina
foi ovacionada pelo público. Mas
não era o fim da despedida.
Três dias depois ela disputou a
decisão das paralelas, sua especialidade. Khorkina conquistou seus
dois ouros e cinco de seus nove títulos mundiais neste aparelho.
Foi a penúltima a competir, só
precisava superar os 9,678 da
francesa Emilie Lepennec -na
eliminatória, marcara 9,750. Mas
falhou e caiu da barra. Com os
olhos marejados, ainda completou a prova. Desolada, deixou o
ginásio antes do fim do evento.
Menos dramática, porém tão
melancólica quanto, foi a despedida do russo Alexei Nemov. Em
2000, ele completou sua galeria,
que já tinha dois ouros olímpicos
e cinco mundiais, com dois títulos. Atenas era a chance de obter
ao menos mais uma medalha, já
que só tentou a sorte na barra.
Após sua apresentação na decisão, os 9,725 dados pelos juízes revoltaram o público. Foram quase
dez minutos de vaias até a mudança da nota (9,762), num dos
maiores fiascos dos Jogos.
A marca, mesmo assim, não foi
suficiente, e Nemov, 28, amargou
o melancólico quarto lugar.
A piscina grega também foi cenário de despedidas aquém do
histórico de seus personagens. O
russo Alexander Popov, quatro
ouros olímpicos e seis mundiais,
não figurou em nenhuma final.
Gustavo Borges, 31, maior nadador da história do Brasil, foi a
Atenas só para nadar o revezamento 4 x 100 m livre. Encerrou
sua carreira na primeira bateria.
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