São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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O PERSONAGEM

Nova geração "promete", afirma revelação do futebol

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Cristiane Rozeira de Souza Silva, 19, ainda não chegou ao Brasil, mas já faz planos para Pequim-2008. Atacante do São Bernardo e da seleção, ela foi a revelação do torneio feminino de futebol em Atenas-2004.
Reserva, entrou no fim do primeiro jogo, contra a Austrália. Não saiu mais. Terminou a competição como co-artilheira, com cinco gols em seis partidas, mesma marca da alemã Birgit Prinz. Foi chamada de "surpreendente" pela treinadora dos EUA. E já tem propostas para atuar no futebol europeu, em clubes de Suécia.
Estrela ascendente de uma seleção também em evolução, ela quer o ouro daqui a quatro anos. "Vou buscar o que não conseguimos aqui", diz a atacante, que desembarca em São Paulo amanhã e se apresenta nos próximos dias para o início dos treinos para o Mundial sub-19, em novembro.
 

Folha - Como você se imagina daqui a quatro anos?
Cristiane -
Eu acho que muito melhor, depois de toda essa experiência da primeira Olimpíada. Aprendi muito com as meninas mais velhas e vou tentar passar isso para a próxima geração, o time que hoje é sub-19. Essa turma promete muito.

Folha - E você acha que vai jogar bola até quando?
Cristiane -
Pretendo, além do futebol, terminar os estudos e fazer faculdade de educação física. O problema é que neste ano não tive como estudar. Foi só futebol, sem parar, o tempo todo. Agora, por exemplo, vou chegar a Osasco e passar só uns dias com a minha família antes de ir treinar com a sub-19. Minha mãe não acreditou quando contei para ela. Ela disse: "De novo, minha filha?" E eu disse: "É a seleção, mãe, eu tenho que ir".

Folha - Mas talvez você tenha que adiar isso. Você não pensa em jogar no exterior?
Cristiane -
Quero, quero. Seria mais uma experiência para mim, que ajudaria muito minha carreira.

Folha - O que faltou para o ouro em Atenas?
Cristiane -
Um pouco de sorte. Mandei uma bola na trave na final. Se ela entrasse, a história seria bem diferente. E faltou a experiência. Essa, não tem jeito, não tem outra maneira de conseguir. Só vem com o tempo.

Folha - A seleção brasileira foi uma das grandes surpresas desta Olimpíada. Como você acha que esse time estará em 2008?
Cristiane -
Tomara que olhem para a gente com mais respeito. Espero que as coisas estejam melhores para a gente. Espero que haja mais apoio de clubes, de patrocinadores. Essa medalha de prata de Atenas, para a gente, vale ouro. Mas em Pequim eu vou querer o ouro de verdade. Com a experiência dos próximos anos, acho que vamos estar no ponto em 2008.


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