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O PERSONAGEM
Nova geração "promete", afirma revelação do futebol
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Cristiane Rozeira de Souza Silva, 19, ainda não chegou ao Brasil, mas já faz planos para Pequim-2008. Atacante do São
Bernardo e da seleção, ela foi a
revelação do torneio feminino
de futebol em Atenas-2004.
Reserva, entrou no fim do primeiro jogo, contra a Austrália.
Não saiu mais. Terminou a
competição como co-artilheira,
com cinco gols em seis partidas,
mesma marca da alemã Birgit
Prinz. Foi chamada de "surpreendente" pela treinadora dos
EUA. E já tem propostas para
atuar no futebol europeu, em
clubes de Suécia.
Estrela ascendente de uma seleção também em evolução, ela
quer o ouro daqui a quatro anos.
"Vou buscar o que não conseguimos aqui", diz a atacante,
que desembarca em São Paulo
amanhã e se apresenta nos próximos dias para o início dos treinos para o Mundial sub-19, em
novembro.
Folha - Como você se imagina
daqui a quatro anos?
Cristiane - Eu acho que muito
melhor, depois de toda essa experiência da primeira Olimpíada. Aprendi muito com as meninas mais velhas e vou tentar passar isso para a próxima geração,
o time que hoje é sub-19. Essa
turma promete muito.
Folha - E você acha que vai jogar
bola até quando?
Cristiane - Pretendo, além do
futebol, terminar os estudos e
fazer faculdade de educação física. O problema é que neste ano
não tive como estudar. Foi só futebol, sem parar, o tempo todo.
Agora, por exemplo, vou chegar
a Osasco e passar só uns dias
com a minha família antes de ir
treinar com a sub-19. Minha
mãe não acreditou quando contei para ela. Ela disse: "De novo,
minha filha?" E eu disse: "É a seleção, mãe, eu tenho que ir".
Folha - Mas talvez você tenha
que adiar isso. Você não pensa
em jogar no exterior?
Cristiane - Quero, quero. Seria
mais uma experiência para
mim, que ajudaria muito minha
carreira.
Folha - O que faltou para o ouro
em Atenas?
Cristiane - Um pouco de sorte.
Mandei uma bola na trave na final. Se ela entrasse, a história seria bem diferente. E faltou a experiência. Essa, não tem jeito,
não tem outra maneira de conseguir. Só vem com o tempo.
Folha - A seleção brasileira foi
uma das grandes surpresas desta
Olimpíada. Como você acha que
esse time estará em 2008?
Cristiane - Tomara que olhem
para a gente com mais respeito.
Espero que as coisas estejam
melhores para a gente. Espero
que haja mais apoio de clubes,
de patrocinadores. Essa medalha de prata de Atenas, para a
gente, vale ouro. Mas em Pequim eu vou querer o ouro de
verdade. Com a experiência dos
próximos anos, acho que vamos
estar no ponto em 2008.
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