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VÔLEI
Preocupada com a saída precoce de jogadores, CBV quer colocar barreiras
Para manter a base, Brasil estuda limitar exportações
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ouro olímpico pode se transformar no combustível para o enfraquecimento das futuras gerações e da Superliga de vôlei.
Mais visado do que nunca, o
Brasil já sofre com o êxodo na seleção -oito dos campeões em
Atenas jogarão na Itália- e teme
agora ver exportações precoces.
Para evitar esse movimento, a
CBV (Confederação Brasileira de
Vôlei) já começou a agir. O primeiro alvo foi Roberto Minuzzi,
uma das apostas de Bernardinho.
O ponta iria se transferir para o
Macerata, da Itália, mas a CBV interferiu e ajudou a acertar sua ida
para o Minas. Considerava o atleta muito novo para deixar o país.
Minuzzi tem 23 anos, idade que
a entidade pensa em estabelecer
como limite mínimo para a exportação de atletas. Por enquanto,
nenhuma decisão foi tomada.
"Se um jogador já formado vai
jogar fora é ótimo, porque ele se
aperfeiçoa jogando no altíssimo
nível. O problema é a ida de garotos como o Minuzzi. Eles não estão prontos ainda e não terão
mais tempo de limpar seus fundamentos", opinou o técnico Bernardinho após a conquista da Liga Mundial-2004. Naquele torneio, ele usou também o exemplo
de Dante, 23, jogador talentoso
que havia ido cedo para o exterior
e ainda apresentava deficiências.
O ponta foi titular na campanha
em Atenas na vaga de Nalbert.
A maior preocupação da CBV é
a perda de apelo da Superliga.
Neste ano, só André Nascimento,
Rodrigão (Suzano), Giovane
(Unisul) e Nalbert (Banespa)
atuarão no país. Nada pode ser
feito agora, mas, para a próxima
temporada, o presidente da entidade, Ary Graça Filho, acredita
que o ouro mudará o panorama.
"Se eu conseguir TV aberta para
a Superliga, trago os jogadores de
volta", disse ele em Atenas, sem
precisar de onde tiraria a verba.
Graça diz que aceitaria não receber nada da emissora, desde
que nem a CBV nem os clubes tivessem de pagar. O presidente negociou com a Rede TV! antes dos
Jogos, mas não chegou a acordo.
Em 1994, após a conquista do
ouro em Barcelona-1992, a entidade promoveu o repatriamento
de atletas da seleção. Na época, o
projeto, feito em parceria com o
Banco do Brasil, previa um gasto
de US$ 2 milhões até 1996.
Os brasileiros ainda podem ter a
oportunidade de assistir aos atletas da seleção, antes de sua ida para a Itália, em amistosos que a
CBV tenta armar até o fim do ano.
As partidas também engrossarão o orçamento dos jogadores. O
time receberá R$ 2,28 milhões
(valor referente à conquista do
ouro mais o prêmio que as mulheres não conquistaram) e dividiria a renda das partidas. A seleção cubana foi convidada, mas
ainda não deu resposta.
Colaborou Adalberto Leister Filho,
enviado especial a Atenas
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