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Rio-07 está sem drogas para fazer antidoping
Laboratório tem dificuldade para repor estoque de substâncias usadas em teste
Amostras de maconha e cocaína, proibidas no Brasil, enfrentam burocracia para
chegar ao Ladetec, o que pode inviabilizar exames no Pan
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A dificuldade de importação
de drogas proibidas no Brasil,
como no caso da maconha e da
cocaína, é uma ameaça à realização de exames antidoping
nos competidores que irão participar do Pan do Rio-2007.
Francisco Radler de Aquino,
coordenador do Ladetec (Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico), afirmou ontem que a burocracia
para importar as drogas é ""o
grande problema" para a realização do trabalho nos Jogos.
O laboratório da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) é o único no Brasil credenciado pela Wada (Agência
Mundial Antidoping) para realizar testes em atletas.
""Nossa situação está difícil.
Para poder importar certas
substâncias, temos que ter a licença da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária],
do Ministério da Agricultura,
do CNPq [Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico] e da Polícia Federal", enumera Aquino.
O coordenador do laboratório acredita que a burocracia
está sendo o principal entrave.
"Temos inúmeros órgãos legislando sobre a mesma coisa.
Acabamos tendo os prazos vencidos, e muitas vezes a importação não ocorre. Infelizmente é
um problema sério do ponto de
vista burocrático", disse ele.
Aquino admitiu que não tem
estoque de várias substâncias
necessárias nos trabalhos para
o Pan-07. Segundo ele, o laboratório terá que possuir amostras de cerca de 500 drogas,
muitas delas proibidas no Brasil, para poder realizar os exames da competição, que será
disputado em julho, no Rio.
""Temos todas as substâncias
hoje, mas muitas vão acabar até
lá. Temos que repor esses estoque", comentou Aquino.
Segundo o coordenador do
Ladetec, o tempo médio de importação é de cerca de seis meses, mas esse período pode até
ser estendido. ""Algumas drogas
nunca chegaram", acrescentou
o responsável pelo laboratório.
Aquino disse que as drogas,
que também incluem outras
classes de substâncias proibidas utilizadas por atletas, como
esteróides anabólicos e estimulantes, são importadas de empresas internacionais em pequenas quantidades -apenas
uma miligrama de cada uma.
Para realizar o teste antidoping, o laboratório usa uma máquina que precisa da droga para
identificar a substância proibida na urina dos atletas.
""A importação destes produtos são essenciais para a qualidade do nosso resultado", disse
o coordenador do Ladetec.
Ontem, Aquino informou ao
ministro do Esporte, Orlando
Silva Júnior, o problema enfrentado pelo laboratório.
O governo federal agora estuda um projeto para conseguir
desburocratizar a importação
dessas substâncias.
O ministério investiu cerca
de R$ 5 milhões no laboratório
com a compra de aparelhos, visando equipar melhor o Ladetec para o Pan-Americano.
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