São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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JUCA KFOURI

Frustração no Morumbi


Todas as condições estavam garantidas para um grande clássico. Mas não foi o que se viu no 0 a 0 de ontem


O CÉU estava azul, sem nuvens. A temperatura, mais do que agradável. O gramado, impecável. Um clima de paz como havia tempos não se via e os dois maiores favoritos ao título do Brasileiro-09 em campo, completos ainda por cima, porque tanto Richarlyson como Cleiton Xavier estavam em campo.
Sem colonialismos, mas a aparência inicial do clássico nacional lembrava os grandes jogos pela Europa afora, porque até a presença de celebridades tínhamos nas tribunas, eis que Vágner Love, de tranças verdes, estava no estádio.
E foi o que de mais colorido se viu na tarde de ontem no Morumbi.
Porque o jogo em si, tirante a arbitragem perfeita do paranaense Heber Roberto Lopes, deixou muito, muitíssimo a desejar.
Verdade que o Palmeiras não tem do que se queixar, ao contrário.
O time de Muricy Ramalho, aliás, começou o jogo como se estivesse mesmo em casa, sem deixar o São Paulo sair de seu campo confortavelmente e criou, com Armero, em má saída de bola de Rogério Ceni, a primeira chance de gol, logo no quinto minuto.
Depois, no entanto, acomodou-se na marcação ferrenha e, no primeiro tempo, nada mais criou, a não ser no último minuto, quando foi a vez de André Dias sair jogando errado e Diego Souza, por egoísmo, desperdiçar boa chance de gol.
Entre os lances de Armero e Diego Souza, foi o São Paulo quem levou mais perigo, duas vezes com Washington, outras duas com Dagoberto e mais uma com Jorge Wagner.
Estranhamente, no segundo tempo, embora fosse o São Paulo quem mais precisasse da vitória, Rogério Ceni acabou por trabalhar bem mais do que Marcos, exatamente o inverso do que havia acontecido nos primeiros 45 minutos.
Mas nada, nos 90 minutos, que alterasse os batimentos cardíacos do torcedor ou fizesse brilhar os olhos do crítico, ao contrário.
De positivo mesmo, para aumentar a expectativa inicial de que teríamos um espetáculo de gala, vale registrar a presença de Walter Casagrande Júnior como comentarista da Rede Globo de Televisão, exemplo de competência e força de vontade, sem se falar do respaldo que teve de seus empregadores, algo também digno de nota.
O Brasileirão segue aberto, embora agora mais verde do que nunca. Porque, se era difícil imaginar o Palmeiras como campeão com Obina de titular, um jogador que tem sua utilidade aqui e ali, mas que não segura uma maratona, é bem fácil imaginar Vágner Love com a faixa do pentacampeonato.
Porque, como disse ontem o PVC, desde os tempos da Parmalat que o Palmeiras não desperta tanto respeito e é motivo de tanto orgulho para seus torcedores.
Por falar em PVC, seu novo livro, "Bola Fora", pela Panda Books, sobre o êxodo de craques brasileiros para o exterior, é leitura obrigatória, até para desfazer o mito, e a desonestidade intelectual, dos que dizem que foi a Lei Pelé quem deu o pontapé inicial na exportação de pé de obra nacional.
Lançamento editorial perfeito para celebrar este momento em que bons jogadores voltam ao país, para, quem sabe, elevar o nível que, ontem, repita-se, deixou a desejar.

blogdojuca@uol.com.br

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