São Paulo, segunda, 31 de agosto de 1998

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Grêmio x Grêmio, numa tarde alvinegra

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Sábado, em Porto Alegre, Grêmio versus Grêmio. Resultado: 1 a 1, claro. Gols: ambos de cabeça, claro. E, mais claro ainda, um festival de encontrões, carrinhos, chutões, balões de área a área, de repente uma corrida desembestada, e eis o "creme de la creme" do jogo. Ah, sim, vez por outra, uma jogada lúcida e inventiva de Alex, embora inconsistente.
O Grêmio gaúcho esteve um ponto acima do Grêmio paulista, durante todo o primeiro tempo. Mas o Grêmio paulista se recuperou na primeira metade do segundo, quando marcou seu gol, via Paulo Nunes, ex-gremista gaúcho. Mas, logo depois, Zé Alcino, do Grêmio gaúcho, empatou, graças à prestimosa colaboração do goleiro Velloso, que saiu em falso de sua meta, e dominou até o final, só não chegando à vitória por obra do mesmo Velloso.
Placar justo, ao final, que deve ter sido comemorado pelos gremistas de cá, já que empate fora de casa é sempre melhor do que derrota, não?
Só uns poucos eleitos devem estar balançando a cabeça na horizontal -lá em cima e cá embaixo-, tipos como Heitor, Romeu Pelliciari, Fiúme, Lima, Canhotinho, Ademir da Guia, Tupãzinho, Jair Rosa Pinto, Rivaldo, Djalminha e Muller, alguns dos muitos que construíram a história de um espetáculo chamado Palestra e depois Palmeiras.
Mas esses são apenas lembranças.

Zap, e eis o Corinthians flutuando em campo, diante de um Guarani aguerrido e bem armado. É a antítese do jogo do Palmeiras. A bola é tecida, tramada, costurada, aplainada, em plena velocidade, da defesa ao ataque. E os gols surgem, num misto de surpresa e certeza. Que vão sair, é evidente, mas como?
Num, Mirandinha escapa pela esquerda, corta o zagueiro e mete uma bomba no canto esquerdo. Noutro, Gamarra aproveita falha do goleiro e confere, de cabeça. Faltava, pois, aquele elaborado, urdido, fruto mais da inteligência e da habilidade do que do empenho ou do oportunismo. E é esse que cai nos pés de Vampeta, como se os deuses quisessem clamar aos treinadores: acabem com o cabeça-de-área cabeça-de-bagre. Por Zeus!
E Vampeta, o último homem do esquema, é o primeiro a chegar para receber o toque de Marcelinho. Recebe, ilude dois beques e, na saída do goleiro, completa um gol de levantar defunto. Um gol Viagra.

Enquanto o Santos se livrava facilmente do Inter na Vila, o tricolor, em Campinas, tinha uma recaída diante da Ponte.
Na Vila, o Santos não precisou mais do que um tempo para definir o placar de 2 a 0 e sua clara superioridade. Mais que isso: é hoje o time que pratica o futebol mais parecido com o do Corinthians: ofensivo, inteligente, veloz e leve, da defesa ao ataque.
Já o São Paulo é a antítese dele mesmo. Isto é: daquele tricolor campeão paulista: paquidérmico, na saída de bola, sobrevive apenas das investidas de Serginho e do oportunismo de Dodô. Pouco até mesmo para merecer o empate de 1 a 1 com a Ponte.


Alberto Helena Jr. escreve às segundas, quartas e domingos



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