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FUTEBOL
Na tarde do primeiro dia de 'aposentadoria', jogador não dá entrevistas; procurador diz que pode haver volta
Maradona completa 37 anos recluso
LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires
O craque argentino Diego Armando Maradona, que anteontem
anunciou sua disposição de abandonar o futebol, manteve-se recluso ontem em sua casa, na Villa Devoto, sem receber a imprensa, no
dia do seu 37º aniversário.
"Não tenho vontade de festejar
meu aniversário. Vai ser um dos
aniversários mais tristes da minha
vida", dissera o ídolo argentino
anteontem à noite, quando afirmou não querer mais decepções.
Pelas ruas de Buenos Aires, torcedores argentinos penduraram
faixas em postes de luz, dando parabéns pelo aniversário de Maradona e pedindo que ele continue
em atuação.
Num deles, havia a seguinte
mensagem: "Deus voltou à terra".
Algumas das faixas haviam sido
colocadas na frente da casa do jogador.
O empresário de Maradona,
Guillermo Cóppola, disse ontem
não ter certeza de que essa seja a
despedida definitiva do jogador.
"Por hoje, ele disse basta, e isso
tem de ser respeitado. Mas não sei
se é definitivo", disse Cóppola.
Maradona anunciou anteontem
o final da sua carreira, dizendo-se
aborrecido com rumores de que o
exame antidoping ao qual se submetera no sábado, depois do "superclássico" entre Boca Juniors e
River Plate, dera positivo e, principalmente, com outro, que anunciava a morte do seu pai.
O jogador conversou com a sua
família e decidiu que, desta vez, o
abandono do futebol era definitivo. O seu pai, Diego Maradona,
pediu-lhe que fizesse isso.
Negativo
O resultado do exame antidoping de Maradona foi divulgado
ontem no começo da noite e não
apontou nenhuma substância
proibida, segundo a Associação de
Futebol Argentino.
A informação de que o exame
dera negativo já estava sendo veiculada pelas emissoras de rádio e
TV argentinas.
"Se chegar alguma informação
do exame (até o final da tarde), é
porque o resultado foi positivo e
houve doping. Se não chegar, é
porque foi negativo e não houve.
Por enquanto, é isso que está ocorrendo", dizia Washington Rivera,
chefe de imprensa da entidade.
Os companheiros de Maradona
no Boca, para os quais Maradona
exerce uma função de conselheiro,
manifestaram-se tristes com a retirada do craque.
"É uma pena que isso esteja
ocorrendo desta maneira. Aos 37
anos, ele poderia jogar mais um
tempo e depois deixar o futebol
naturalmente. Isso tudo é muito
triste", afirmou o atacante Claudio
Caniggia, amigo de Maradona e
também alvo de acusações por
consumo de cocaína.
Da Itália, o ex-técnico da seleção
argentina César Luís Menotti afirmou que ficou preocupado ao ouvir informações quanto à morte do
pai de Maradona. Resignado, disse
que Maradona tem de "ficar em
paz para ser feliz".
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