São Paulo, sexta, 31 de outubro de 1997.



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FUTEBOL
Na tarde do primeiro dia de 'aposentadoria', jogador não dá entrevistas; procurador diz que pode haver volta
Maradona completa 37 anos recluso

LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires

O craque argentino Diego Armando Maradona, que anteontem anunciou sua disposição de abandonar o futebol, manteve-se recluso ontem em sua casa, na Villa Devoto, sem receber a imprensa, no dia do seu 37º aniversário.
"Não tenho vontade de festejar meu aniversário. Vai ser um dos aniversários mais tristes da minha vida", dissera o ídolo argentino anteontem à noite, quando afirmou não querer mais decepções.
Pelas ruas de Buenos Aires, torcedores argentinos penduraram faixas em postes de luz, dando parabéns pelo aniversário de Maradona e pedindo que ele continue em atuação.
Num deles, havia a seguinte mensagem: "Deus voltou à terra". Algumas das faixas haviam sido colocadas na frente da casa do jogador.
O empresário de Maradona, Guillermo Cóppola, disse ontem não ter certeza de que essa seja a despedida definitiva do jogador. "Por hoje, ele disse basta, e isso tem de ser respeitado. Mas não sei se é definitivo", disse Cóppola.
Maradona anunciou anteontem o final da sua carreira, dizendo-se aborrecido com rumores de que o exame antidoping ao qual se submetera no sábado, depois do "superclássico" entre Boca Juniors e River Plate, dera positivo e, principalmente, com outro, que anunciava a morte do seu pai.
O jogador conversou com a sua família e decidiu que, desta vez, o abandono do futebol era definitivo. O seu pai, Diego Maradona, pediu-lhe que fizesse isso.
Negativo
O resultado do exame antidoping de Maradona foi divulgado ontem no começo da noite e não apontou nenhuma substância proibida, segundo a Associação de Futebol Argentino.
A informação de que o exame dera negativo já estava sendo veiculada pelas emissoras de rádio e TV argentinas.
"Se chegar alguma informação do exame (até o final da tarde), é porque o resultado foi positivo e houve doping. Se não chegar, é porque foi negativo e não houve. Por enquanto, é isso que está ocorrendo", dizia Washington Rivera, chefe de imprensa da entidade.
Os companheiros de Maradona no Boca, para os quais Maradona exerce uma função de conselheiro, manifestaram-se tristes com a retirada do craque.
"É uma pena que isso esteja ocorrendo desta maneira. Aos 37 anos, ele poderia jogar mais um tempo e depois deixar o futebol naturalmente. Isso tudo é muito triste", afirmou o atacante Claudio Caniggia, amigo de Maradona e também alvo de acusações por consumo de cocaína.
Da Itália, o ex-técnico da seleção argentina César Luís Menotti afirmou que ficou preocupado ao ouvir informações quanto à morte do pai de Maradona. Resignado, disse que Maradona tem de "ficar em paz para ser feliz".



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